ºRMXº Youta
Administrator
Rokkuman Ekkusu Sensei 17? Area Comander
Posts: 704
|
Post by ºRMXº Youta on Aug 29, 2008 20:44:16 GMT -2
Aviso: Esta Fanfic é uma adaptação. Muito emborta muitos personagens do universo de Rockman X apareçam nesta saga, o mundo é ligeiramente diferente. Como ela é relacionada com Rockman X, e com os Maverick Hunters, aqui vão algumas pequenas diferenças que vocês devem estar cientes, para não atrapalhar a leitura e não causar interpretações errôneas:
1º Sobre o Ano: A data é a mesma de Rockman X, aqui atribuída como 21XX.
2º Sobre os Personagens: TODOS os personagens da saga são humanos, incluindo X, Zero e Axl, aqui chamados de Ekkusu Whight (Rockman X), Zirow A. Willy (Zero) e Akuseru Aka Alerut (Axl). Lendas Vivas mundialmente conhecidos, eles são capitães famosos que controlam as áreas da Base Hunter. Atualmente estão desaparecidos após uma missão, da qual não retornaram.
3º Sobre o Cenário: O mundo sofre nas mãos de um tirano conquistador, Conhecido como Sigma Red, que controla a todas as nações com seu exército de homens controlados por uma droga, chamada de Maverick Vírus. Os contaminados por esta droga logo são dominados a vontade de Sigma Red, que desenvolveu este vírus por sua própria conta. Sigma Red fazia parte de um grupo de elite, os antigos Irregular Hunters, que caçavam irregularidades, e resolviam casos especiais, acima da força do Exército. Com a revolta de Sigma Red, este passou a querer conquistar o mundo, e os outrora Irregular Hunters passaram a caçar seu rebelado, passando a se chamarem “Maverick Hunters” desde então. Ekkusu, Zirow e Akuseru são os membros mais importantes dos Hunters.
4º Sobre poderes e armaduras: As armaduras potencializam as capacidades humanas, dando-lhes mais resistência, força e velocidade. Porém, sem elas, os humanos são pessoas comuns, que não possuem habilidades especiais (em tese). As armaduras contam com uma espécie de gerador avançado, que alimenta armas diretamente ligadas a elas, como busters e outras armas de fogo. As armas brancas a laser são alimentadas por outro sistema, chamado M.Q.E. - Medidor de Quantidade Energética - que simula a constituição do alvo em forma de energia, fazendo assim com que a arma funcione de acordo com o estado físico de seu usuário (como se fosse a “força” que alimenta os sabres de luz, de Star Wars).
Vamos à história.
As Crônicas de um Caçador Urbano
Capítulo I – Uma missão de rotina.
A chuva batia com força nos imponentes vitrais do Quartel General dos Maverick Hunters, também conhecido pelo alcunha de Hunter Base. As operadoras trabalhavam em serviços de rotina, em silêncio, isoladas do resto da base, enquanto muitos Hunters descansavam, exaustos de suas longas missões, de modo que a Base dos Maverick Hunters parecia desabitada, quase vazia. Porém, uma iluminação se fazia ver, vinda de um dos alojamentos, recortando a sombra do Jardim da ala A. Deitado em sua cama, com as mãos cruzadas na nuca, fitando o teto, Miyamoto Youta se lembrava de seu passado. Havia sido um caminho difícil com muito treinamento duro e cicatrizes, e principalmente regado com muita dor. Tudo isso tinha dado a ele uma aura sombria, que causava receio nos outros ao seu redor. Enquanto estava perdido em seus pensamentos, divagando, Youta ouviu murmúrios e risadas femininas vindas do quarto ao seu lado, e pensou que deveriam ser duas Huntress fora de serviço, conversando. Coisa de amigas... Youta não tinha amigos. Nem mesmo seus colegas de serviço eram seus amigos. Estes o consideravam estranho e evitavam sua companhia fora das missões, coisa com a qual Youta já nem se importava mais. Ninguém entendia como o General Signas tinha aceitado Youta em suas fileiras, mais sabiam que ele tinha qualquer razão plausível para aceitar um rapaz com um passado desconhecido e uma força sobrehumana entre os Maverick Hunters. Youta virou sua cabeça, para olhar o relógio em sua mesinha de cabeceira. Eram quase 23 horas. Suspirando, ele se levantou. Sairia para realizar mais uma de suas missões noturnas, por conta própria. Youta estava sem camiseta, com uma calça larga de pijama e descalço. Sua musculatura era definida, e em suas costas, uma grande cicatriz, em forma de uma fina meia lua podia ser vista, saindo de seu ombro esquerdo, passando pelas costas e acabando do lado direito de sua bacia. Youta se lembrava muito bem do dia em que tinha recebido este “presente” em suas costas. Lembrava-se da dor lancinante que sentira quando a espada afiada, umas das poucas destas época, tinha quase lhe aberto ao meio. Hoje em dia, nada mais doía e a cicatriz apenas marcava suas costas. O rapaz, então, cruzou o quarto e foi até o armário do lugar, abrindo-o. No armário, repousava em um suporte, uma Katana embainhada em uma bainha de ferro negra. O cabo da arma não tinha enfeites e nem guarda para a mão, dando a impressão que quando embainhada, ali não havia espada, pois o cabo e a bainha se encaixavam perfeitamente. Atrás deste suporte, existia uma segunda porta, dentro do armário. Youta abriu esta também, revelando um colete metálico com um adorno que lembrava um zíper ao meio, correndo por toda a extensão do colete. O colete estava apoiado em um suporte similar ao da espada, e logo abaixo, haviam luvas, botas, ombreiras, joelheiras e um cinto rebitado, todos em algum metal enegrecido, com detalhes prateados, formando uma leve armadura de batalha, muito diferente dos padrões dos hunters. Uma malha negra estava cuidadosamente dobrada, logo abaixo deste conjunto. Youta vestiu-se, sem pressa, primeiro com a malha, em seguida com a armadura. Logo em seguida pegou a Katana e a desembainhou. A lâmina esbranquiçada retiniu apenas ao ser sacada, demonstrando seu fio mortal. Esta arma, Youta sabia, tinha um corte melhor do que aquela que o tinha ferido. Ele sabia. Já tinha testado-o. Ele era um dos únicos Hunters que não usava armas a laser ou de plasma. Embora muitos de seus inimigos usassem armaduras blindadas, a espada até hoje tinha se mostrado eficiente, e este era um dos motivos pelos quais seus colegas de missão o achavam estranho: Com um pedaço de metal, ele dilacerava inimigos com muita facilidade. Em uma das missões, um dos oponentes que ele enfrentara possuía uma armadura blindada que nenhuma arma conseguia abrir. Seus companheiros estavam desesperados, e então com um golpe de sua Katana, lá estava o oponente, a descoberto sem proteção nenhuma que o valesse. Com um ar de riso no rosto ao lembrar disso, Youta travou a Katana em sua cintura, em um pequeno encaixe exitente no cinto com esta finalidade, e então, após fechar o armário, saiu de seu alojamento. Silenciosamente, Youta foi em direção aos portões. Os vigias já o conheciam, pois eram comuns suas saídas noturnas. Eles acenaram para ele, e o rapaz apenas respondeu com uma curvatura de cabeça. Desceu até o hangar, onde uma Ride Chaser, negra e prateada, nos mesmos tons de sua armadura, o esperava. Youta subiu nela, e a ligando, partiu. Indo até a autoestrada, Youta notou que ela estava movimentada. Nada que o preocupasse muito, pois logo iria para um lugar deserto. Então, Youta saltou por cima de uma das faixas do acostamento e foi parar em uma parte deserta da Rodovia, seguindo seu caminho. Assim calmamente Youta viajou, com uma velocidade acima do permitido, porém sem ser importunado por ninguém. Algumas vezes a polícia rodoviária iniciava uma perseguição a ele, mais logo desistia, quando se aproximava cerca de quinze metros de sua Ride Chaser. Após uma longa viagem, ele chegou ao seu destino: Uma indústria abandonada, que ficava nas imediações desta estrada. Youta desceu de sua Ride Chaser, e viu a estrutura envelhecida do local. Súbito, ouviu barulhos: Malhos batiam em algo duro e resistente, soldas funcionavam derretendo e soldando metais. O Hunter se aproximou da entrada da indústria e notou que uma corrente elétrica passava pelo portão de metal, tornando-o intransponível por meios normais. Sacando sua Katana num movimento rápido, Youta simplesmente retalhou uma parte do portão, interrompendo a corrente elétrica. Logo em seguida, após embainhar a arma novamente, o rapaz entrou calmamente na indústria. Passando por uma parte desabitada, ainda do lado de fora do complexo central, Youta ouviu um som característico de energia sendo acumulada, bem fraco e baixo a uns vinte metros de onde estava. Em seguida, notou um pequeno brilho vindo de sua esquerda, na mesma direção do som. Foi então que subitamente, uma chuva de disparos caiu sobre ele, vindos de todas as direções, tendo-o como centro de colisão. Após os disparos terem acabado, apenas uma nuvem de poeira era vista no local onde o Hunter estava. Os atiradores olhavam com segurança, por terem liquidado o invasor. Até a fumaça se dissipar e mostrar que não havia ninguém ali. Youta estava ao lado daquele que tinha carregado o buster primeiro, sendo que o corpo deste estava caído ao lado do Hunter, dividido ao meio. Os atiradores lançaram então uma nova saraivada de tiros, e viram então o que Youta tinha feito com os primeiros que tinham sido disparados contra ele. Com sua Katana, ele repeliu os disparos, movendo-a velozmente e rebatendo cada projétil e carga para cima, fazendo as explosões ocorrerem pouco acima dele. Porém, desta vez, Youta investiu na direção do complexo, enquanto defletia e refletia os tiros. Sim, refletia, pois alguns destes disparos que ele desviava agora voltavam contra seus atiradores, ferindo-os ou matando-os. Da linha de frente de dez atiradores, mediante a esta manobra, o hunter matara sete deles. Enquanto isso, Youta investia contra o enorme portão. Então subitamente, quando estava a cerca de cinco metros dele, Youta embainhou sua Katana. Correndo com uma mão na bainha, e a outra no cabo, ele sacou-a velozmente, num movimento de arco, que destruiu o portão e desnorteou os atiradores. Um deles, que estava em uma janela, mandou um alerta pelo comunicador:
- Temos um invasor, muito poderoso. Tentamos abatê-lo, mais ele matou sete dos nossos!!!
A voz do comunicador respondeu:
- Ok, vamos mandar reforço!
Enquanto isso, Youta continuava correndo em direção ao centro do local, com mais determinação e vontade do que outrora. Com um ímpeto muito maior, ele liquidava o “reforço”, composto de Mavericks com bastões elétricos. Com um simples corte, ele trespassava rapidamente os oponentes deixando-os abertos em partes no chão. Terminando os corredores e oponentes, ele embainhou a Katana. Então, ele finalmente chegou ao centro da Fábrica, onde encontrou o que procurava:
Uma das fábricas de Vírus Maverick, local onde era produzida a famosa droga que convertia fiéis soldados em máquinas de matar a serviço de Sigma Red, funcionava ali, naquela indústria abandonada. Tubos imensos, com cerca de vinte metros, cheios do líquido arroxeado estavam por toda a parte. Bombas enchiam frascos menores, que por sua vez eram transportados por máquinas até equipamentos de carga. Em cima dos tubos, de costas para Youta, olhando para o interior da fábrica, estava uma figura esguia, que tinha lindos cabelos longos e brancos. Era uma garota, com um longo sobretudo negro e uma armadura padrão por baixo dele, também negra. Seus olhos eram vermelhos, e muito penetrantes. Com a cabeça agora voltada para o invasor, ela encarava Youta com um ar de desdém, sorrindo. Com um salto, da altura absurda em que se encontrava, ela caiu graciosamente no chão, a frente do Hunter, a cerca de nove metros dele. Ainda sim, o olhava com a mesma expressão, até dizer:
- Puxa, você chegou aqui rápido. Não esperava que chegasse aqui tão depressa, depois de ser detido pela guarda. Prazer, meu nome é Rebecca.
Ela fez uma pequena pausa, e depois prosseguiu:
- Bem, você veio fazer o servicinho de sempre, não é? Tudo bem, já resolvemos isso. Mais tem uma coisa que eu não entendo: - Ela coçou a cabeça, com um ar de dúvida - Por que só veio você? Eles geralmente mandam grupos grandes, ou pelo menos, na pior das hipóteses, vocês vem em dois...
Youta ficou em silêncio enquanto a garota falava. Ao ouvir o último comentário de Rebecca, ele disse:
- Eu não vim mandado pela Base Hunter. Vim por conta própria.
Rebecca sorriu, e falou, colocando a língua entre os dentes:
- Então eles deixaram vazar informações? Que interessante...
Impassível, Youta respondeu, dando um passo a frente:
- Não, eu sou um Hunter. Mais estou aqui por conta própria.
Rebecca viu o sinal ofensivo do Hunter e ficou em alerta. Ela fechou seus punhos e armou guarda para Youta, em sinal defensivo. Youta moveu o pé esquerdo para trás e investiu rapidamente contra a garota, com a mão no cabo da Katana. Aquela técnica que usara para abrir o portão no meio tinha um alvo menor agora, a própria Rebecca. A garota percebeu a investida, e se preparou para o embate, que aconteceu segundos depois. Ao mesmo tempo em que Youta sacava sua Katana em um veloz Iaijutsu, Rebecca socou com velocidade o tronco do Hunter. Os golpes se entrechocaram, fazendo uma explosão de impacto que arremessou Youta e Rebecca para trás, com grande velocidade. Youta firmou os pés no chão assim que recebeu soco e fez uma enorme marca de arrasto, pela fricção de suas botas com o solo. Rebecca porém, foi jogada longe, e com uma hábil acrobacia, caiu graciosamente em pé. Assim que se recuperou do golpe, Youta avançou novamente, e Rebecca fez o mesmo. Ambos eram combatente de corpo-a-corpo, portanto quanto menos distância houvesse entre os dois, melhor era para eles. Rebecca desta vez veio voando, com uma potente voadora, que foi interceptada por uma defesa veloz de Youta, usando a chapa de sua lâmina a frente de seu corpo bloqueando o golpe, segurando a lâmina com a mão espalmada atrás dela, enquanto a outra se mantinha firme na empunhadura. Novamente, ele foi arrastado pelo chão, porém desta vez, virou a lâmina rapidamente, cortando em círculo, no momento em que o chute de Rebecca atingia sua Katana. Tomando impulso na Katana de Youta antes que ela se virasse, Rebecca saltou para trás, e se esquivou do corte rápido do Hunter. Até o momento, nenhum dos dois tinha sido atingido pelos golpes um do outro. Rebecca sorriu e ofegando, ela disse:
- Você é bom! Não esperava que conseguisse me bloquear e lutar na mesma velocidade do que eu. Você é bem ágil, mais não me chamam de “Rebecca LightSpeed” à toa. Bwa ha ha ha!!!
E dizendo isso, Rebecca começou a correr, ficando praticamente invisível devido a sua velocidade. Ela vinha correndo, com a mão fechada em punho, abaixada. Youta olhava atentamente para os lados, tentando localizá-la. Realmente, Rebecca estava mais rápida, pois tinha sumido do campo de visão do Hunter. Súbito, ela golpeou o estômago de Youta com força e confiança, crendo que ele não percebera seus movimentos. Youta sentiu o impacto ampliado pela velocidade dela, mais tinha um fator surpresa: Assim que recebeu o golpe, Rebecca mal teve tempo de esquivar-se da bainha que estava na mão esquerda de Youta e que vinha rapidamente contra seu rosto. Ao recuar, ela abrira sua defesa, uma oportunidade única para a lâmina de Youta, que a golpeou num efetivo corte vertical, exatamente entre os seios da garota de olhos rubros. O hunter estava sem ar, mais tinha causado um dano grave a Rebecca, que cambaleou, estupefata. Ela arfava, com a mão sobre o corte, que sangrava copiosamente. Aquela maldita espada tinha varado sua armadura como se ela fosse feita de papel! Rebecca estreitou os olhos e investiu novamente na direção de Youta e este na sua direção. Este segundo embate não durou tanto quanto o primeiro. Desta vez, enfurecida, Rebecca golpeou o rosto de Youta, e aproveitando que este se esquivava de seu golpe, chutou-o velozmente no peito. Youta perdeu o equilíbrio devido ainda a falta de ar do soco no estômago, o que ela aproveitou, aplicando-lhe uma seqüência veloz de ataques, finalizando com um chute forte no rosto de Youta, jogando-o para trás. Sua velocidade tinha aumentado progressivamente a cada golpe, de modo que o chute tinha sido praticamente invisível até o momento do impacto com o queixo do Hunter. Arfando, com os cabelos desalinhados, Rebecca lançava um olhar de triunfo para Youta, que estava caído no chão. Ao vê-lo abatido, Rebecca desdenhou:
- E agora, o que achou desta? Você me machucou, este corte doeu! E aí está o seu pagamento por ter me ferido!!! Agora está aí caído e... QUÊ?!?!
Youta se levantava, limpando um pouco de sangue de sua boca. Parecia estar bem, apesar da imensa surra que tinha levado. Com um movimento, ele cuspiu um pouco de sangue, e disse:
- Vamos continuar.
Rebecca quis matá-lo. Como ele tinha aguentado seus golpes daquela maneira!? Ele não caíra, afinal? E como tinha se levantado? Youta segurou sua espada com as duas mãos desta vez, e a apontou-a para Rebecca. Ela não esperou por mais: saltou para o alto e começou a dar cambalhotas no ar. Numa dessas cambalhotas, esticou a perna e conforme caía, girava mais e mais a perna, com velocidade crescente, até quase atingir Youta. Neste movimento, gritou:
- Force Dinamic Kick!
Youta olhou a execução do golpe e simplesmente saltou em direção à Rebecca, diagonalmente. Executando um corte em forma de meia lua, ele passou por Rebecca, justamente quando a perna desta tocava seu ombro. O movimento foi rápido e logo Youta caiu atrás de Rebecca com a mão segurando o ombro ferido. Porém Rebecca caiu estrebuchando. A lâmina de Youta tinha atingido-a, e tinha feito um enorme estrago em sua armadura, atravessando a proteção e atingindo em cheio o busto, as costelas e o abdômem de Rebecca. Ela agonizava, enquanto proferia suas últimas palavras:
- Co-como... como... você... co- con-seguiu... me matar...? – ela tossiu, e continuou – Era impossível, eu sou mais rápida que você...
Youta olhou para ela e disse então:
- “Uma luta não é definida pela força de seus oponentes, mais pelo espírito de combate com o qual eles se dedicam a ela...”
Esta foi a última frase que a Maverick ouviu antes de morrer. Terminada a luta, Youta destruiu os tubos da fábrica e causou um curto circuito nos sistemas, assim colocando o lugar abaixo. Saindo rapidamente, ele abandonou as instalações, enquanto explosões causadas pelo curto começavam a ocorrer. Montando em sua Ride Chaser, ele voltou para a Base. Sua entrada pela garagem foi autorizada pelos vigias. Novamente, estavam acostumados a suas voltas repentinas. Após fazer o processo de volta até seu quarto, e tirar a armadura, Youta cuidou das contusões que tinha recebido. Tomando um banho, ele deitou-se novamente na cama, e pegou um comunicador, dizendo:
- Missão concluída...
Uma voz feminina e dócil respondeu do outro lado:
- Awww, Youta, eu ainda vou ter problemas por causa disso! Eu não posso ficar usando o sistema da Base Hunter para caçar Irregularidades! Você está quebrando o protocolo!
Youta, então, respondeu:
- Eu estou livrando os Hunters de trabalhos futuros, e ainda limpando a cidade. Acho que não tem nada errado no que eu estou fazendo, Xiao Yu...
A menina, Xiao Yu, fez uma voz de desconfiança:
- Tá, tá... Mais por que que eu tenho que caçar estes registros estranhos? Vou ter problemas, você vai ver!
- Em primeiro lugar, você se ofereceu para me ajudar quando soube da minha ronda noturna, Yu. Em segundo lugar, se os Hunters não falaram nada, e por que ainda não viram, e se viram, para eles não faz diferença. Em terceiro lugar, se quiser parar, eu não me importo. Eu volto a fazer minhas rondas...
Yu ficou muda, e depois falou, com a respiração acelerada:
- Não precisa se matar, como você fazia antes! Eu ajudo você, não ligo para estes negócios de protocolos! Eu só fiquei preocupada... Você está bem? Como foi a missão de hoje?
Youta sorriu para si mesmo. Bastava ele engrossar e ela amolecia. Yu era uma garota inocente, muito útil para localizar atividades suspeitas na cidade, visto que trabalhava na área de operação de Informações da Base. Respondendo a garota, ele disse:
- Apenas uma missão de rotina... – e desligou. Yu ia dizer algo, mais ele já tinha desligado. -
- Youta, eu... >clack<
Feito isso, Youta fechou sua janela e desligou a luz. Tinha algumas horas de descanso, até acordar para os treinos da Base Hunter. Olhando no relógio, se espreguiçou, deitou-se em sua cama e fechou os olhos. Não fora desta vez que tinha achado o que buscava. Talvez, apenas talvez, ele encontrasse na próxima vez. Em uma próxima missão...
[Primeiro Capítulo da Fanart Pronto! Quem quiser ler, divirta-se. Espero que gostem do enredo. Até mais!!! ^^]
|
|
ºRMXº Youta
Administrator
Rokkuman Ekkusu Sensei 17? Area Comander
Posts: 704
|
Post by ºRMXº Youta on Sept 12, 2008 20:39:16 GMT -2
Capítulo II – Youta, o estranho.
O despertador tocou insistentemente, mais Youta apenas se virou de lado e continuou dormindo. Estava cansado e com dores no corpo em razão dos socos que levara na noite anterior. Ainda sim, o despertador tocava, até Youta socá-lo com violência. Então o despertador cessou. Quando ia voltar a dormir, ouviu batidas em sua porta. Ignorou-as, fechando os olhos. Elas persistiram. Voltou a ignorá-las. E então, após um barulho de digitação de senha, a porta se abriu, revelando uma bela garota nipônica, por volta de dezesseis anos. Ela possuía os cabelos negros, cortados logo abaixo do pescoço e presos em duas tranças, que caíam sobre seus ombros. Seu corpo e suas medidas eram normais para uma garota de sua idade, exceto pelos seios, que eram enormes, quase desproporcionais a garota. Ela usava um auricular com um microfone conectado, e um uniforme que consistia em uma malha única que delineava seu corpo jovem, com botas e luvas. As luvas, botas eram pretas, e os demais detalhes em amarelo, enquanto o uniforme propriamente dito era azul marinho. O padrão de cores da Base Hunter. Em seu busto, um grande “44” grafado em branco podia ser visto, exibindo ainda mais os “dotes” da garota. Nervosa, ela sentou-se na cama e sacudiu os ombros de Youta energicamente, dizendo:
- Acorde, Youta-san!!! Você tem as atividades de Hunter para cumprir, não pode ficar dormindo. Os hunters vão desconfiar. Vai, levanta!!!
Youta abriu um olho, preguiçosamente. Então sentou-se na cama, e encarou a menina, depois de esfregar os olhos. Com um bocejo, ele disse despreocupadamente:
- Além de me passar históricos de irregularidades e me dar passe livre para sair do QG à noite com vários álibis, agora você também é meu despertador pessoal, Xiao Yu?
A garota mordeu o lábio inferior, segurando-o apreensiva e fazendo uma expressão de nervosismo. Em seguida, sua expressão ondulou e Xiao Yu encarou o rapaz furiosa. E então, começou a ralhar com ele:
- Seu ingrato!!! Eu saio do meu serviço, preocupada por que você não acordou ainda, venho aqui fazer este favor, e é assim que você me agradece?!?! Você não sabe o trabalho que isso me dá!!! Além de fazer todas as minhas funções, ainda fazer estas funções extras de caçar registros, ajudar você nos álibis e ainda arranjar tempo para acordar a Bela Adormecida aí!!! Ora, seu... Seu...
Ela se calou e suspirou, magoada. Youta sorriu, novamente para si mesmo, sentindo compaixão. Apesar do corpo desenvolvido e do cargo que ocupava como Operadora, Xiao Yu ainda era apenas uma criança. Sorrindo, ela afagou os cabelos dela e disse:
- Calma... Estou só brincando, Yu-chan... É claro que eu sei o trabalho todo que tem e agradeço por tudo o que tem feito para me auxiliar. Mas eu só não entendo por que você faz tudo isso, por que cuida tanto de mim... Pode me dizer, Yu-chan? – Finalizou Youta, perguntando.
Subitamente, Yu se levantou, tão rapidamente como se houvesse levado um choque. Ela ficou vermelha, envergonhada e gaguejando. Então, disse sem graça:
- É... é... é por que você é maluco!!! É isso, você é maluco! Já basta que você se mata nestas missões noturnas, o que eu não acho certo, mas não precisa ter esforço dobrado, quando eu posso ajudar. E eu não quero ver ninguém morrendo de graça, ainda mais um hunter, sendo que eu posso evitar!!! Satisfeito? Agora trate de ir fazer seu trabalho!!!! – Concluiu ela e disparou correndo para fora do alojamento, cobrindo o rosto. Ela ofegava, como se tivesse corrido uma maratona, com as bochechas vermelhas como um tomate. Youta não esperava uma atitude destas. Em dúvida, coçando a cabeça tentando entender, ele murmurou um breve “hunf, garotas...” e se levantou, dando de ombros. Tomou uma rápida ducha, ainda sentindo as dores do combate da noite anterior. Desta vez, ao se vestir com sua armadura, notou que ela estava levemente amassada, devido os potentes golpes da Maverick Rebecca. Sem se preocupar, ele a vestiu, pensando em mandá-la para Xiao Yu. Decerto, ela daria um jeito de consertar, entrando em contato com o Setor de Manutenção. Saindo do seu quarto, foi em direção ao refeitório comunitário, tomar seu café da manhã. É bem verdade que alguns membros podiam fazer suas refeições em seus alojamentos, ou mesmo comer fora. Mas Youta fazia parte do time de Cadetes da base Hunter, ou seja, os Hunters novatos. E por isso, tomava café no refeitório comunitário. Apenas os capitães e membros mais graduados tinham o direito a escolha quanto às refeições. Com pessimismo, Youta se aproximou do local. Provavelmente, a cena que estava se tornando clássica se repetiria mais uma vez: Ele entraria no refeitório, e todos os outros Cadetes Hunters que estivessem comendo olhariam para ele. Ele os ignoraria e iria pegar o café na cozinha. Os hunters evitariam a sua presença, impedindo que se sentasse em algum grupo e ele teria que se deslocar até uma mesa vazia. Indo até a mesa que já estava acostumado a comer (pois precisava ir até ela todas as vezes), ele se sentaria e começaria a tomar seu café, até que um Cadete Hunter viesse mexer com ele. Uma discussão começaria, mas não entre Youta e o outro, e sim entre o “Valentão” que puxara a briga e um outro Cadete que se intrometesse. Isso tudo sem que Youta não tivesse dito nada. A discussão seria apartada por um capitão e os dois brigões se separariam. E no final, Youta receberia uma advertência por ELE estar brigando com os DOIS. Sempre do mesmo jeito. Isso acontecia sempre, as vezes duas ou mais vezes na semana. O que o Hunter Novato não entendia era o porquê da implicância com ele. Se Youta era sempre quieto e nunca provocava ninguém, por que queriam brigar ou discutir com ele por qualquer motivo?
Pensando estas coisas, chegou ao refeitório. Para sua surpresa, ninguém sequer olhou para ele. Ele suspirou e deu graças aos céus por não terem notado sua presença e sentou-se em sua mesa costumeira, indo comer. Um burburinho passava por todo refeitório, comentários sobre coisas cotidianas. Coisas sobre veículos, namoradas, armas, patentes... Repentinamente, o ruído das conversas aumentou, e silenciou. Todos ficaram com a respiração suspensa. Foi então que adentrou o refeitório o Grande General da Base Hunter, O Comandante Signas. Todos os soldados abaixaram suas cabeças e voltaram a comer em silêncio. O refeitório tinha alguns capitães, além dos Cadetes. Signas andou por entre as fileiras de Hunters, olhando para alguns dos Capitães. Estes que ele olhava o cumprimentavam, batendo continência. Calmamente ele caminhou por dentre os Hunters, observando todos e logo depois saiu. Os homens respiravam aliviados. Signas tinha o poder de convencê-los de que tinham feito algo errado, mesmo que não tivessem! Youta porém, tinha ficado surpreso. Era só a sua impressão, ou Signas tinha olhado de soslaio para ele, e só então tinha saído? Podia ser uma suposição, mais a mesa de Youta era isolada. Não tinha ninguém próximo dele. Se ele tinha realmente olhado naquela direção, tinha sido para Youta. Atônito, ele desistiu de entender, e terminou o café. Porém estava preocupado. O manhã transcorreu normalmente, como sempre na base Hunter. Fizeram a série de treinos clássicos, como manobras táticas, corrida de obstáculos, e ainda maratona de execícios, todos estes realizados sem armadura. Os comentários dos Cadetes para Youta, chamando-o de “Estranho” eram freqüentes. O motivo, nestas horas, aparecia a olhos vistos. Youta não se esforçava nem um pouco nos treinos. Sua expressão de rosto, era despreocupada e indiferente, como se não fizesse esforço algum. Ele sequer suava. Ainda sim, quando corria ou escalava, ou ainda levantava peso, fazia-o com a mesma força e velocidade que os demais. Quando realmente se esforçava, Youta assustava todos, pois conseguia levantar estruturas de concreto, manter portas duplas automáticas de Metal abertas, e arremessar rochas de cerca de cinqüenta quilos, com apenas um braço e com extrema precisão. Era sobrehumano. Nos treinos, desde que havia realizado estes feitos, ele não se esforçava mais. Os comentários que fizeram lhe deram nos nervos, pois foram repetidos dez vezes. A cada minuto. Por vários Cadetes diferentes. Durante vários dias. Porém, devido à noite anterior, Youta estava cansado. Sua incursão o tinha fatigado um pouco, e seu rendimento caiu, obrigando-o a fazer mais força do que o normal, de modo que hoje, ele tinha se cansado como os demais. Para manter a farsa de que não saía, e que não percebessem o que tinha feito na noite anterior. Todos foram tomar banho, logo após o treino, como era comum. O banho era tomado coletivamente por todos os Cadetes do sexo masculino após os treinos. Youta esperou que todos terminassem, e só então tomou seu banho. Não gostava que vissem sua cicatriz, não queria que isso engrossasse ainda mais o bolo de comentários sobre sua estranheza, além de estar levemente escoriado, o que geraria perguntas embaraçosas. Então, após o banho, o grupo de Catedes do qual Youta fazia parte, os “Cães de Guarda”, recebeu uma missão. Uma missão bem simples: Proteger um carregamento de pedras preciosas e metais raros que estava indo para um navio cargueiro. Só teriam que escoltar aqueles homens até que chegassem ao navio. E assim seu grupo foi. Os Cadetes eram organizados em grupos de seis, incluindo um capitão liderando. Geralmente, possuíam pequenos títulos, de acordo com suas habilidades. Os “Cães de Guarda” eram especializados em manobras rápidas e evasivas, além de contar com um capitão versado no combate corpo-a-corpo e no resgate de reféns. Porém, todos os membros, incluindo Youta e o Capitão, eram novatos, com cerca de seis meses de entrada na Base Hunter. Chegando ao local do início da missão, os carregadores olhavam de forma curiosa para Youta. Os hunters usavam armaduras azuis e amarelas, com suas armas a laser e seus buster desativados ao lado do corpo. O rapaz era o único que usava uma armadura negra e prateada, além é claro, de usar uma arma de lâmina, algo extremamente raro nesta época. Até mesmo a armadura do Capitão, apesar de ser mais trabalhada, não saía deste padrão. Youta não se incomodava com o olhar de estranheza que lhe dirigiam. Estava acostumado a isso, devido ao longo círculo de comentários sobre ele na Base. Sem nenhuma preocupação a mais, além de escoltar os carregadores de pedras, os Hunters iam com a guarda baixa, conversando entre si. O único que não prestava atenção na conversa era o próprio Youta, que estava atento ao redor. Sentia algo errado no ar. “Só falta estes incompetentes se distraírem e colocarem a missão a perder!” pensou Youta revoltado. O próprio capitão ria da piada que um dos Cadetes contava. E, como se fosse uma premonição, o sentido de Youta estava certo. Distraídos, entretidos em sua conversa, os inexperientes Hunters foram pegos de surpresa por um ataque avassalador que vinha debaixo deles: O chão explodiu em pedaços, revelando, após muita poeira, uma figura humanóide que lembrava muito uma grande toupeira antropomórfica, com uma enorme Broca na parte traseira de sua cabeça. Tinha por volta de 4 metros, e um grande e pesada maça em sua mão direita. Seus olhos tinham a coloração vermelha, característica dos mavericks: Aquilo era um “Boss”. Os “Boss”, como os Hunters tinham apelidado aqueles poderosos Mavericks, eram os comandantes de tropas Mavericks, em um exército em que se comanda pela força. Suas doses de Vírus eram altíssimas, produzindo força física e agilidade excepcionais neles, uma das característica do Vírus Maverick, quando inoculado em grande quantidade. Suas armaduras, verdadeiros Exoesqueletos gigantes, além de ampliarem ainda mais sua força, ainda dispunham de recursos elementais, como por exemplo, monopólio de combustão de oxigênio (fazendo explosões de chamas), controle de densidade de vácuo e do ar (controlando “vento”), controle do estado físico das moléculas de H2O, incluindo as existentes no ar (criando e controlando assim a água), entre outras habilidades, que permitiam-lhes ser ainda mais poderosos. Os Boss geralmente ficavam em área dominadas por Sigma Red, chamadas de “Áreas Maverick”. Nelas, os Hunters se infiltravam para destruir estes Mavericks, ou mesmo resgatar sobreviventes, pois estas eram áreas dominadas por eles à força. Ekkusu Whight, o Hunter mais forte da Base Hunter, Capitão da 17ª Divisão, Zirow, Capitão da Área “Shinobi” de Inflitração e Assalto e Akuseru, Capitão da Superintendência de Casos Virtuais, conseguiam enfrentar estes Boss com relativa facilidade, uma das razões pelas quais eles eram considerados lendas entre as fileiras Hunters. Pois bem, este Maverick esmagou, sem rodeios, o capitão da tropa facilmente. Ele havia sido o único da tropa vitimada pela explosão a se levantar. Após um único golpe da maça do gigante, o capitão caiu, aplastrado. Pedaços de seu corpo e armadura ainda pendiam da maça do Maverick Terrestre, quando este a levantou novamente. Youta suspirou, enfastiado. Saltando para trás no momento do impacto, fora o único hunter a escapar da explosão de pedras. Logo após, se escondeu nas fissuras de rochas, saindo das vistas do oponente. O Maverick parecia controlar terra, e não notando Youta, estava gargalhando ao ver que derrubara todos os Hunters que cuidavam do carregamento que viera pilhar. Os Cadetes hunters, assustados como coelhos, levantaram rapidamente, ativaram seus busters e dispararam freneticamente, mais o gigante apenas levantou a perna esquerda e desferiu um potente pisão nas rachaduras no chão, o que provocou mais um deslizamento, conseqüentemente derrubando novamente os infelizes cadetes. Youta, porém, previu o segundo tremor vendo a perna do Maverick se levantar, e assim que o colossal oponente pisou, o Hunter saltou para o alto, se esquivando de mais um tremor. Porém, graças a esta manobra, acabou entrando no campo de visão do inimigo. Este rugiu por meio de amplificadores instalados em sua garganta que distorciam sua voz, e disse:
- Ora, vejam só, sobrou um deles! Você me parece bem corajoso, jovenzinho, mais não tem chances contra o meu poder!!! Vou lhe mostrar o que eu, o Grande EarthCrawler Rat, posso fazer!
Youta olhou o grande Maverick. Seus colegas ainda se recuperavam do baque e o capitão tinha caído morto. Ele teria que destruir Rat sozinho. Suspirando, resignado, Youta avançou em direção do monstro, dizendo:
- Você fala demais.
EarthCrawler Rat avançou em direção a Youta, repetindo o movimento, até os dois ficassem a uma distância relativamente pequena de cinco metros um do outro. Então, sem aviso, Rat levantou a perna para pisotear o insignificante Hunter abaixo dele. O pé do enorme Maverick caiu com força sobre Youta, descendo rapidamente e fazendo o Hunter sumir embaixo dele, esmagado. O chão quebrava-se ao redor da enorme pisoteada, fazendo o pé de EarthCrawler Rat afundar com facilidade nele. Ele ria prazerosamente, ao sentir o enorme impacto que suas pernas causavam, e ao mesmo tempo por ter eliminado o hunter mais prepotente deles. Os outros hunters ficaram abismados e em choque, se levantaram rapidamente, com ainda mais medo. Foi então que os olhos de Rat, até então estreitos como quem estivesse sorrindo, se arregalaram de surpresa. Ao mesmo tempo, ele começou a forcejar sua perna para baixo, mais parecia que algo a empurrava para cima. E não mais que de repente, o pé de Rat foi erguido e olhou-o, estupefato. Youta tinha aparado o pisão e segurado o pé de EarthCrawler Rat. O Maverick Terrestre tentava esmagá-lo forcejando o pé sobre ele, mais Youta estava firme. Suas mãos seguravam o metal da bota de Rat, chegando até mesmo a amassá-lo, tamanha a força que ele empregava em sua resistência. Os outros Hunters olhavam perplexos. As armaduras lhe davam força acima da média humana, mais era o suficiente para erguer pouco mais de 100 Kg sem dificuldade. Útil quando precisavam resgatar pessoas presas e outras manobras deste gênero. Os hunters garantiam sua força militar por intermédio de armas laser, busters, metralhadoras e etc. Mais ver Youta segurando o pé de EarthCrawler Rat com firmeza, um mostro que devia pesar toneladas, além de estar exercendo uma força monstruosa sobre ele, era impossível. Isto fez o grupo de Hunters ali presentes lembrarem de um incidente que acontecera momentos depois da chegada de Miyamoto Youta na Base, e que eles tinham preferido esquecer. Uma vez, a base estava testando um veículo de controle remoto, para regates em áreas de difícil acesso. Então, de repente, graças a uma Operadora novata (diga-se de passagem a mesma que auxiliou Youta logo depois em suas rondas), o veículo entrou em curto e escapou do controle da central. Rapidamente, a máquina enlouquecida foi na direção de Youta, que estava prestes a sair da base pelo hangar, para onde a máquina se dirigia. Todos prenderam a respiração: O rapaz novato iria ser pego, sem chance de se desviar. Foi quando os Hunters presentes no hangar viram a seguinte cena: Youta voltou-se rapidamente de frente para o veículo, agarrou o pára-choque com suas mãos, e cravou seus calcanhares no chão. Obviamente, ele foi arrastado devido a velocidade e o impacto. Porém, para a surpresa de todos, Youta não saiu voando devido a incrível velocidade: Em vez disso, o pára-choque começou a amassar e Youta fez uma expressão concentrada. Seus pés ainda marcavam o chão, ele prosseguiu, sendo arrastado. Exercendo força, Youta segurava o veículo, que começou a diminuir sua velocidade, e enfim, parou. Youta manteve a força por um tempo, suando e tremendo, e então deslizou e caiu de costas no chão, sendo levado às pressas para a enfermaria. Youta, sem armadura, pois estava de folga, tinha acabado de parar um veículo em alta velocidade, com o tamanho aproximado de um Jipe de Guerra com as próprias mãos.
E naquele momento, o estranho hunter fazia algo parecido.
Naquele momento de impasse, finalmente algo aconteceu: Youta empurrou a perna do enorme Reploid para trás. Estava ofegante e apertava o ombro esquerdo, com os olhos contraídos, devido a dor que sentia. O ombro contundido por Rebecca fazia-o arquejar, mas Youta, a despeito disso, estava miraculosamente inteiro. Rat cambaleou estupefato. E logo após ficou furioso. Demonstrou isso, esbravejando e dizendo:
- Hunf, hunterzinho inconveniente. Vamos ver se não esmago você agora, seu pequeno inseto. E dizendo isso, ele lançou de sua mão esquerda pequenos fragmentos de rocha afiados, que vinham voando velozmente em direção de Youta. O hunter inspirou fundo e expirou vagarosamente. Então, colocou o polegar no cabo de sua Katana e correu para frente, em direção aos fragmentos. Rapidamente, ao fazer seu Iaijutsu, ele rebateu os primeiros fragmentos. Enquanto avançava, repetiu a manobra que havia feito nas indústrias que tinha visitado na noite anterior: Refletiu os disparos de terra, golpeando-os e devolvendo-os ao atirador. Assim que sentiu a lâmina de Youta se cravar sem dificuldade em seu ombro esquerdo, após o rapaz refletir suas pedras contra si próprio e golpeá-lo em seguida, EarthCrawler Rat deixou de subestimar o rapaz. Ele agarrou Youta com sua enorme mão e o arremessou de encontro a um prédio, fazendo um desmoronamento acontecer logo em seguida, pisoteando o chão e criando uma enorme fissura, que foi em direção ao prédio, fazendo com que desmoronasse. Youta foi irresistivelmente agarrado e arremessado, porém antes que colidisse com o prédio, fez uma cambalhota no ar, aparando sua colisão com as pernas. Em seguida, forçou as pernas, tomando um novo impulso, voltando da parede onde fora arremessado e aterrissando no chão, momentos depois da rachadura passar por ele e atingir o prédio. Rat moveu sua pesada maça em direção de Youta e desceu-a num potente golpe. Que foi interceptado pela Katana do jovem Hunter, que forcejava contra ele. Seu braço esquerdo doía, mas ele conseguiu repelir o golpe da maça. Rat não ficou atrás, desferindo um poderoso soco com sua mão esquerda, que colheu Youta pelo estômago, no mesmo lugar que Rebecca o atingira na luta anterior. EarthCrawler levantou-o, usando a mesma mão que usava para golpear o rapaz. Youta se retorceu de dor, e então, impiedosamente, o Maverick atacou novamente com o maça, acertando com força as costas do jovem hunter. Youta sentiu aquele enorme peso cair sem nenhum cuidado em suas costas. Sentiu sua armadura e suas costelas se partirem sob o peso. Caiu no chão, vomitando sangue. Rat triunfante, se voltou para os colegas de Youta, pronto para continuar o massacre. E então, um barulho se fez ouvir do chão: Youta se levantava. Rat o olhou, com a mesma expressão que Rebecca fizera na noite anterior, os olhos arregalados, de pura surpresa de o garoto ter sobrevivido. Youta se levantava. Tonto, ele limpou a boca do sangue e segurou mais uma vez sua Katana com as duas mãos. Estava ofegante, mas ainda de pé. EarthCrawler Rat resolveu acabar com aquilo. Ergueu a maça e começou a golpear o garoto randomicamente, gritando:
- MALDITO INSETO, MORRA, MORRA, MORRA!!!
Youta se esquivou dos golpes, com facilidade. Eram muito grandes e lentos, dando-lhe tempo de sobra para antecipá-los e desviar-se. Então, repentinamente, ele saltou e focalizou os olhos de EarthCrawler Rat com um olhar oblíqüo. Com a voz baixa, ele mudou a posição de suas mãos e entoou:
- Kuroekkusuken Gatotsu.
Com uma hábil estocada, segurando firmemente a Katana com a mão direita e empurrando a empunhadura com a mão esquerda espalmada embaixo do cabo, ele literalmente atravessou a cabeça de EarthCrawler Rat, caindo logo em seguida sobre o corpo enorme que tombava. Rat sentiu a lâmina afiada atravessar seu elmo e com um sorriso de triunfo, O Maverick entendeu o segredo da Katana Hunter de Youta. Porém, a implacável arma penetrou seu crânio e este mistério seguiu o Maverick Boss Terrestre para o túmulo. Youta caiu sobre EarthCrawler Rat de pé, pisando sobre o peito enorme do Boss derrotado. Então, se abaixou, encostando um joelho e mantendo-se apoiado em sua Katana, segurando o ombro e as costelas. Com um engulho, vomitou mais sangue. Estava péssimo. Lutar com um Boss não era trabalho para qualquer um, e mesmo assim, ele já tinha lutado contra um Maverick muito forte na noite anterior. O time, pela primeira vez, deixou o fato da estranheza de Youta de lado. Vendo que o rapaz estava prestes a desmaiar, solidários, eles carregaram Youta, levando-o apoiado sobre os ombros. Até o final da missão, eles o levaram. Mesmo assim Youta insistia em caminhar, ainda que apoiado, sem se deixar ser conduzido, mesmo machucado. Ao término da missão, os carregadores, já no cais, agradeceram a ajuda dos Hunters e principalmente do rapaz Youta, a quem chamaram de “Jovem Herói”. Ele assentiu com a cabeça. Os Hunters agradeceram e todos foram embora. Chegando na Base Hunter, levaram Youta para a enfermaria, às pressas. Chegando lá, aplicaram-lhe um sedativo. Youta esqueceu a dor, e foi com grande alívio que ele perdeu a consciência. Acordou dias depois. Ao lado de sua cama, no criado mudo, estavam chocolates e cartões de melhoras de seus companheiros de equipe. Flores, com um cartão escrito por Xiao Yu, acompanhavam os chocalates, adornando a mesa. Youta sentia seu corpo inteiro dolorido, mas estava recuperado. Tinha se recuperado bem, o que lhe fez pensar de quantos dias ele estaria na enfermaria. Olhando para o alto, perguntou para si mesmo:
- A quanto tempo será que estou aqui?
- A cerca de dois dias. Uma recuperação bem veloz, se me permite ressaltar. – respondeu-lhe uma voz grave e imponente.
Youta voltou a cabeça em direção da voz e perdeu o fôlego: Estava diante de Signas, o Comandante. Sem fala, ele tentou dizer alguma coisa, mas a voz não saiu:
- ...
Signas fez um gesto com a mão para que não dissesse nada. Youta obedeceu. Então, ele começou.
- Em primeiro lugar, não tenha medo. Não vim até aqui para lhe dar nenhuma bronca. Só para lhe dar uma mensagem: Tenho observado você com mais atenção desde aquele dia no Hangar, meu jovem. O seu jeito determinado me faz lembrar do Ekkusu, ao mesmo tempo que seu estilo de combate e personalidade me lembram o Zirow. Ambos já foram os melhores homens em minhas fileiras. E preciso de mais homens assim, Youta. Eu ouvi os relatos da sua missão, narrada pelos Cães de Guarda. O Capitão de você sofreu baixa, e você poderia ter fugido. Mas ficou e enfrentou o perigo, sem pensar no que poderia lhe acontecer...
- Signas caminhou até a Janela, voltando se de costas para Youta e fazendo uma pausa. Com entusiasmo na voz, ele prosseguiu:
“Não importa a condição, um Hunter sempre cumpre seu objetivo.” Você levou nosso lema até o limite, praticamente sacrificando sua vida pela de seus colegas e de sua missão. Isso diferencia um Hunter de um combatente. A partir de hoje, Youta, você não pertence mais aos Cães de Guarda. Eu, o Comandante da Hunter Base, Signas, o nomeio Capitão Honorário da 14ª Divisão de Busca e Salvamento da Base Hunter. Seja Bem vindo!!!
Youta não soube o que dizer. Seu esforço tinha sido visto, afinal. Tinha ganhado reconhecimento. Emocionado, com os olhos embaçados, ele bateu continência e agradeceu:
- Obrigado, Sr. Signas. Prometo que não vou decepcioná-lo.
- Eu espero que não, Youta. Eu espero que não... – Disse Signas saindo.
[O Eletrizante Capítulo II Chega ao fim, trazendo mais problemas e novas emoções para Youta, o nosso Hunter. O que acontecerá com Youta, agora que se tornou Capitão? Como será a 14ª Divisão? Qual será o segredo que o Boss tinha descoberto? Por que Youta sai todas as noites? Será que continuará a sair? Não percam no Próximo Capítulo de “Crônicas de um Caçador Urbano” Um dia de Capitão: Surge Morisato!!!]
|
|
|
Post by ariel on Sept 16, 2008 20:05:41 GMT -2
Nyan *.* Isso sim que é fan art! não cheguei ler muitos, mas esse é muito legal... consegui imaginar cada um! Vai Youta manda mais, quero ver os NPC´s que vc disse... E uma participação especial!? eu vi bem...!? Orooooooooo *-* * curiosa*
|
|
ºRMXº Youta
Administrator
Rokkuman Ekkusu Sensei 17? Area Comander
Posts: 704
|
Post by ºRMXº Youta on Sept 25, 2008 13:56:58 GMT -2
[Depois de muita espera, aqui vai mais um capítulo!! Have Fun!!]
Capítulo III - Um dia de Capitão: Surge Morisato!!!
A recuperação total de Youta veio no final daquele dia. Ele já esperava por isso. Signas tinha lhe dado o título de Capitão Honorário para que ele demonstrasse que ele não estava apostando suas fichas em vão. Durante o dia, ele pediu informações sobre como estava sua armadura. Os engenheiros lhe disseram que estaria pronta naquela noite, pois estavam colocando novas coisas nela. Youta pensou que ser capitão compensava às vezes. Ao término de um dia de extensos check-ups, para ver se seu corpo estava bem, afinal o Hunter Samurai foi liberado. Indo para seu quarto, viu logo no corredor que havia uma grande caixa em frente da porta do lugar. Empurrou a caixa para dentro e a abriu. Tomou um susto. Sua armadura brilhava. Feita agora em um metal enegrecido, tinha novos entraves laterais, sem deixar de perder a forma de colete. Possuía chapas de metal em suas pernas, ombros, pulsos, e cintura, lembrando o design de uma Yoroi¹ agora. A malha por baixo dela estava azul marinha, e os detalhes em prata haviam sido trocados por detalhes em azul vivo, com um brilho elétrico. Sua Katana, porém, não tinha sofrido nenhuma alteração. Youta suspirou aliviado. A razão de seu susto tinha sido esta. Que tivessem mexido em sua Katana e na lâmina dela. Respirando aliviado, ele vestiua nova armadura. Caía como uma luva nele, estava perfeita! Ao sentir os encaixes da armadura, percebeu que ela aumentava ainda mais a sua velocidade. Além disso, se sentiu mais protegido, mais resistente a danos. Foi então que se preparou. Devia sair mais uma vez, para conferir do que era capaz agora. Quando foi abriu a porta, se deparou com Xiao Yu, que entrava com os braços estendidos e as palmas abertas voltadas para frente, empurrando o peito de Youta para trás. Sem entender, ele foi dando passos para trás, acompanhando a garota, até que isso o obrigasse a se sentar na cama. Xiao Yu voltou e fechou a porta, para finalmente apenas dizer:
- Você não vai sair hoje.
- Como assim, eu não vou sair hoje? Por quê? – inquiriu o jovem hunter, confuso com a atitude.
- Você quer que eu enumere? – Sem esperar resposta, ela prosseguiu, contando nos dedos, e afastando um dedo para trás a cada movimento contado. - Tá, vou enumerar: Primeiro, Você agora é capitão. Segundo, Você não se recuperou totalmente ainda. Terceiro, Você tem que estar inteiro para amanhã e uma missão dessas sempre te deixa acabado. E Quarto, mais não menos importante, NÃO TEM NENHUMA IRREGULARIDADE HOJE, SEU TONTO!!! – Finalizou Yu, elevando a voz com raiva. Ela sentou-se na cama, sem fôlego.
- Eu só ia testar a armadura... – disse Youta, sério, encarando Xiao Yu com frieza.
Na verdade, a idéia dele era se acostumar com a nova armadura mesmo, para não passar vergonha na frente dos novos Hunters que lideraria. Um Capitáo inexperiente é tudo que se precisa para se desestimular uma tropa. Tudo bem que sairia, mas agora teria que se dedicar mais à Base Hunter, e por isso não iria caçar encrenca. Ele sabia muito bem disso. Xiao Yu olhou repentinamente para ele.
- Você não vai sair?
- Preciso estar nas minhas melhores condições amanhã. Só poderei sair em busca das respostas que procuro depois que sanar minhas obrigações de Capitão. Eu não sou criança, Yu-chan, eu sei o quanto este posto significa. Agora com licença, eu vou sair, mais não vou caçar nenhuma irregularidade. Vou me acostumar com esta armadura.
A atitude da menina, de extrema preocupação deixou Youta irritado. A Operadora o achava um inconseqüente, achava que ele deixaria os problemas pessoais acima das obrigações. Ele cerrou o punho e se encaminhou para a porta do quarto. Xiao Yu ficou em silêncio. Então, antes que ele saísse, ela fez um comentário, em voz baixa:
- A Base disponibiliza várias áreas de Treinamento. Os Hunters não podem entrar sem permissão, mais elas são liberadas para os Capitães e para os mais graduados. Se quiser, eu posso abrir o acesso para uma destas áreas, com a sua senha de capitão, para você poder treinar.
O comentário foi feito em voz baixa, com uma voz engasgada. Youta estava de costas, e por isso não viu o por quê do engasgo. Estava pensando. Agora, que ele era capitão, devia pensar primeiro em ficar inteiro, para poder estar em condições de conduzir a tropa. Se ele se desgastasse saindo e voltando, ficaria em um estado em que não teria tanta força, ainda que fosse apenas caminhar e correr. E agora, mais do que nunca, a sua força total era necesária. Queria passar uma boa impressão para seus novos comandados, dar-lhes confiança. Resolveu aceitar a idéia de Xiao Yu, e se virou, em direção a ela para lhe dizer isso.
O que viu em seguida o deixou sem reação.
Xiao Yu chorava, sem emitir som algum até aquele momento. Suas lágrimas escorriam pelo rosto, copiosamente, culminando em seu queixo, de onde pingavam seqüencialmente. Estava encolhida, com os olhos contraídos, e uma expressão de profunda tristeza neles. Ela, então, sem poder se segurar mais, se atirou nos braços dele, e começou a soluçar sem parar. Ela segurou a malha dele e a apertou, como se buscasse apoio, puxando-a com uma força desamparada. Seus soluços ficaram mais fortes, e encostando a cabeça no peito do Jovem Capitão, ela gemeu de arrependimento. Então, disse num sussurro:
- Gomen... Gomenasai... Youta-kun...²
Youta esperava ser atropelado por um ônibus verde com bolinhas roxas, cheio de Mavericks, que entrasse voando pela janela do quarto, com um alienígena em cima dançando “Volare”, mas não esperava por aquilo. Xiao Yu o pegara completamente de surpresa com esta atitude de arrependimento. Sem saber o que fazer, ele passou a mão nos cabelos de Xiao Yu e a abraçou, consolando-a. Talvez tivesse chateado a menina com sua grosseria. Foi o que pensou, já que ela tinha pedido desculpas. Pensou em se desculpar, em aceitar as desculpas dela e dar as suas. Então, levantando o queixo da menina, molhado pelas lágrimas dela, para que ela olhasse para ele, Youta disse:
- Está tudo bem, Yu-chan, não precisa...
A frase se interrompeu por uma razão simples: Quando Youta ergueu o queixo da Operadora, ela estava de olhos fechados e com os lábios entreabertos, como se esperasse uma carícia, como se quisesse ser beijada! Youta travou. Nunca tinha pensado nisso, nunca tinha pensado que Xiao Yu quisesse isso dele. Ele manteve a respiração suspensa e não avançou. Yu sussurrou, ainda de olhos fechados e lábios entreabertos:
- Aishiteru... Youta Senpai-san...³
E sem esperar mais, Xiao Yu agarrou o pescoço do atônito rapaz e lhe roubou um beijo apaixonado. Youta não soube o que fazer novamente. Se deixou ser beijado, mais por falta de reflexo do que por qualquer outra coisa. Nunca tinha beijado uma garota antes. Porém, não reagiu ao beijo, não correspondeu a carícia de Xiao Yu. Após ficar entrelaçada em Youta por alguns minutos, ela se soltou bruscamente e recuou. Youta a olhava com um olhar surpreso, mas frio ao mesmo tempo. Sem dizer mais nada, Xiao Yu passou por ele e fechou a porta atrás de si. Estava sorrindo. Youta sentou-se na cama. Tocava os próprios lábios e tentava entender. A menina Operadora parecia ter gostado o que tinha se passado. Porém, ele não sentira nada com aquele toque. Não tinha significado nenhum para ele. Tinha ficado nervoso e assustado com a ousadia de Yu por fazer uma coisa destas com ele. Após alguns minutos, o seu comunicador tocou. Era a própria Xiao Yu. Parecia contente e estava com a voz alegre:
- Kunbawa, Youta-Chi-san.¹-¹ Estou ligando para informar que a sala de treinamento já está liberada, e o seu cartão o espera inserido na porta. A sala é a número 42 do 25º andar. Tenha um bom treino. A propósito, só para constar, eu serei a operadora da 14ª Divisão. Não é demais? Até mais, Youta-san. – disse ela, rindo e desligou.
Youta tirou o comunicador do seu ouvido e olhou para o aparelho, como se Xiao Yu estivesse dentro dele. Então disse para si mesmo, ainda encarando o comunicador:
- Afinal, ela enlouqueceu ou é impressão minha?!
Desistindo de entender, Youta colocou novamente o comunicador e se encaminhou para o lugar informado. Lá chegando, apanhou o cartão azul elétrico que estava apoiado na fechadura digital da base e entrou na sala. A sessão de treinamento foi rápida. Porém, Youta se sentiu em um sonho. Sua armadura era mais rápida, e seu movimentos ficavam mais livres, como se ele usasse um leve quimono. Sentia a sua força fluir normalmente para o cabo da Katana quando golpeava, coisa que era difícil sentir sem uma armadura especial. Sentia uma quantidade crescente de energia se agitar em seu corpo, sem que ele se cansasse. Retalhava os bonecos de treino, sem dificuldade, contando:
- Ichi!!! Ni!!! San!!! Shi!!! Go!!! Shichi!!! Sechi!!! Hachi!!! Kyuu!!! JYUU!!! HA!!!¹-²
Os dez golpes tinham sido desferidos rapidamente, porém aplicados com calma. Youta não tinha se esforçado ainda. Decidiu testar seus novos limites. Com um pequeno sorriso, ele chamou uma nova onda de bonecos de treino. Usando suas capacidades sobrehumanas, ele saltou e começou a destroçar os bonecos. Sua velocidade aumentou tanto que ele começou a aplicar diversos golpes em um único boneco, partindo-o com exímia eficiência, deixando-o em retalhos. Ao término do treino, partiu para a sala de simulação, onde seus resultados não foram nem um pouco inferiores. Os cenários e inimigos não o intimidavam nem um pouco. Finalmente, estava pronto. Já tinha se acostumado com o sonho que estava em seu corpo agora. Saindo da sala de Treinamento, ele foi para o seu quarto. Tomou uma ducha novamente e caiu sem cuidado na cama. Apesar de não ter feito absolutamente nada o dia inteiro, estava precisando dormir bem pelo menos uma noite. Na manhã seguinte, não foi o despertador que o acordou. Batidas rápidas na porta, de forma enérgica, o fizeram pular da cama. Respirando aceleradamente, ele perguntou:
- Quem está aí?
- Hã, Senhor Miyamoto...? Desculpe incomodá-lo tão cedo... Meu nome é Kalderash, e... hã... eu sou da Divisão de Cadastro da Central de Operação de Informações... Preciso lhe passar um pequeno relatório de suas atividades matinais, mas posso voltar outra hora... – respondeu uma voz nervosa do outro lado da porta, já se afastando.
- Não é necessário. Entre. – respondeu Youta.
Quando o nervoso Kalderash entrou, Youta já estava no banheiro. O rapaz ficou olhando o alojamento por alguns instantes, de pé, ao centro dele.
Youta disse, assim que ouviu o rapaz entrar:
- Pode ficar a vontade, Kalderash. Eu já estou me arrumando, só um momento.
Kalderash pensou que o rapaz tinha nascido para ser capitão. Já estava se sentindo no quarto de um Hunter de alta patente, mesmo que o rapaz tivesse sido nomeado ontem! Sentou-se na cama e ficou olhando os detalhes do quarto do rapaz. O quarto era simples, como o de qualquer outro Hunter Cadete: Uma pequena suíte, com uma cama ao centro, uma janela à esquerda e um armário na parede à direita. Um guarda roupa ficava à frente. Como em qualquer alojamento. Porém, o quarto de Youta tinha um diferencial: um lindo dragão chinês, serpenteante, pintado em uma das paredes, tendo alguns altos-relevos nas escamas. No lugar onde seriam suas garras, existiam suportes, cabideiros no formato das garras do dragão. Pareciam que as garras do dragão seguravam as roupas do rapaz. A cabeça do dragão também possuía alto relevo, dando a impressão que o monstro saía da parede em um salto. Impressionado, Kalderash seguia o desenho com os olhos. Até que Youta saísse do banho, com uma calça simples, sem camisa e descalço, como sempre. Ele secava despreocupadamente os cabelos com uma toalha branca e felpuda. Kalderash passou-lhe um manual de instruções de como agir, agora que era capitão e um pequeno símbolo: O Brasão dos Maverick Hunters. Com uma solda, ele habilmente fixou o desenho do brasão na ombreira direita da armadura de Youta, o padrão de todo Capitão. Após todo o cerimonial, Youta ia sair para tomar café, quando Kalderash lhe apontou para fora do quarto. Havia uma bandeja com o café da manhã. Com um pequeno sorriso, Youta trouxe a bandeja para dentro e começou a comer, aliviado por não ter que ir até o refeitório. Então, ele se vestiu com a armadura e foi, finalmente conhecer sua equipe. Estava ansioso para vê-los. Chegou a porta do local e suspirou. A 14ª Divisão ficava atrás de uma porta longa, separada de todas as outras Divisões. O corredor estava deserto, e ele não ouvia ruídos atrás da porta. Ele hesitou e então passou seu cartão magnético, abrindo a porta. Youta se deparou com uma sala simples, com um grande computador de uma tela grande, que ocupava a parede oposta inteira. A tela estava apagada e a pontrona em frente a ele, vazia. Havia uma mesa de centro e vários disquetes e CDs ali, sobre ela, espalhados ao acaso. Em volta da mesa, haviam vários puffes, poltronas e cadeiras, e sentados nelas, estava a equipe mais exótica que Youta já havia visto. Assim que entrou todos os presentes olharam para ele.
A direita do jovem Capitão estava um rapaz, confortavelmente jogado em uma poltrona, com os pés apoiados na mesa. Ele tinha os cabelos cinzelados, rebeldes e espetados como os de Youta, porém bem maiores. Os olhos, de um coloração cinza-grafite marcavam sua expressão penetrante e marcas no rosto, similares a pinturas de guerra, de coloração azul-forte, adornavam cada lado de sua face. O rapaz não estava de armadura. Estava usando uma camiseta regata preta, com o desenho de um dragão chinês vermelho nela, uma larga calça Jeans azul marinho, e tinha correntes presas aos dois lados de seu cinto preto de couro. Tirando isso como base, poderia se dizer que estava à paisana. Porém, Youta viu, com surpresa, que os braços, desde as mãos até o cotovelo, e as pernas, dos pés até o joelho, eram feitas de metal. Os dedos do rapaz eram segmentados, formando o desenho da muscultatura humana. Até a dobra de seus cotovelos era uma complicada roldana, assim como seus joelhos. Os pés do rapaz tinham a forma de um solado de coturno. As próteses eram trabalhadas em metal enegrecido e com os detalhes em laranja que elas possuíam. Youta imaginou quanta dor o rapaz havia sentido para ganhar aqueles apêndices em seu corpo.
Voltando a cabeça um pouco para a esquerda, Youta viu, ao centro da sala, uma garota de longos cabelos louros, presos em dois rabos de cavalo pararelos, e olhos verdes com um brilho espelhado. Seu rosto tinha três pequenos riscos nas bochechas, adornando os traços finos deste. Usava uma armadura verde-limão, com braceletes e joelheiras, ambos brancos, que no design lembravam faixas de pano. Em sua cintura, havia um cinto largo, também branco, que lhe caía do lado direito do quadril e preso neste, haviam pequenas formas retangulares, similares a barras, que Youta não adivinhou a utilidade. Pelo seu tamanho, ela parecia ser ainda mais nova que Xiao Yu, porém seu corpo constestava esta idéia. Ainda em seu cinto, preso do lado que não caía pelo quadril, a menina tinha um aparelho similar a um Walkie-Talkie, porém todo laranja e cinza, com alguns detalhes rajados em preto. Era cheio de botões esquisitos e tinha até um pequeno Joystick instalado nele! Desistindo de entender a menina, o Capitão Hunter voltou sua atenção para os outros presentes. Havia ainda na sala um rapaz, este de armadura, porém com o elmo repousado no colo e as mãos cruzadas sobre ele. Sua armadura era Roxa e tinha detalhes em amarelo ouro. Mais ele parecia ser de algum clube de esportes, pois sua armadura lembrava incrivelmente uma roupa de Rúgbi, com os ombros alargados propositalmente e um capacete gradeado. Além de suas Luvas deixarem suas mãos enormes e suas botas parecerem com sapatos de Futebol Americano, ele tinha um cinto roxo. Nas suas costas do rapaz estava apoiado um enorme Bastão de BaseBall! Seu rosto era o mais curioso: com a exótica pele negra, o rapaz tinha um esparadrapo atravessado em seu nariz, que por sua vez era largo e achatado. Tinha as sobrancelhas grossas e inquisitivas, com os olhos verdes e pequenos. Seus cabelos tinham pequenos Dreads, trancinhas que se penduravam aos lados de seu rosto. Atada à testa, uma bandana camuflada adornava o rosto do rapaz.
E fechando o quadro dos presentes na sala, estava de pé escostado a esquerda de Youta, um rapaz, aparentemente o mais comum dentre eles. Tinha os cabelos negros, com franjas e mechas que lhe cobriam parcialmente os dois olhos, estes finos e negros, muito similares aos de Youta. Estava de braços cruzados, recostado na parede, em silêncio e foi o único a não voltar a cabeça, quando Youta entrou. Youta notou em sua cintura, um coldre com duas pistolas de três canos presas nele, uma prateada e outra cor de bronze. Porém, o que mais chamou a atenção de Youta neste indivíduo, foi sua armadura. Ela era negra e exatamente igual a de Rebecca, a Maverick que Youta havia enfrentado a pouco tempo. O rapaz usava até mesmo um sobretudo, muito similar ao de Rebecca. Atento, Youta o olhou com cautela.
Youta fechou a porta atrás de si. Um silêncio tenso se instalou na sala. A menina loura então falou, quebrando este silêncio, com uma voz rouca e rebelde:
- Você deve ser o Capitão que mandaram para nós... – Sua voz além de rouca, era provocante e sensual, mostrando que sua pouca idade nada mais era do que aparência. - ... Interessante... Espero que saiba que nós somos uma tropa problemática e nenhum capitão dura conosco.
- É isso aí, ô do cabelo estranho!!! – Completou o Jogador de Rúgbi. – Se começar a amarelar, pode ir pedindo transferência desde já!
Quando Youta ia responder, um novo acontecimento chamou a atenção dele. Um enorme barulho de explosão, seguido de um grito, fez com que se alarmasse. Os outros reviraram os olhos, como se já soubessem o que iria acontecer. A menina colocou a mão na cintura e esperou. Um Robô de aproximados 3 metros saiu do cômodo interligado aquela sala, carregando em seus braços um jovem, com sinais de queimadura e de fuligem em todo corpo e resmungando. O Robô tinha um cristal verde, um único “olho” no centro do que seria sua cabeça, que se dividia em três partes interligadas, que estavam apoiadas em um pescoço segmentado. Os braços eram desproporcionalmente longos, e suas mãos, que tinham três dedos articulados, tocavam o chão, porém estas estavam segurando o rapaz e por isso, estavam erguidas. Suas pernas eram curtas e bem articuladas, com dois joelhos e três dedos, como nas mãos que as apoiavam muito bem, e tinha o corpo todo laranja, com detalhes em vermelho e rajado de negro, nas mesmas cores que o aparelho da garota loura carregava na cintura. O garoto em seus braços gemeu. Este usava grandes óculos redondos, de armação negra, um jaleco de cientista e uma armadura azul-clara, com detalhes em azul-marinho e branco. Tinha um cinto negro também, aonde carregava ferramentas de todo tipo. Por trás dos óculos, seus olhos eram castanhos, e por trás de toda aquela fuligem, ele exibia cabelos claros, arroxeados e repartidos ao meio, que lhe alcançavam as orelhas.
O robô parou de caminhar quando chegou ao grupo e ficou imóvel. O rapaz resmungou e se revirou. Abriu os olhos e sacudiu a cabeça, dizendo então:
- Ai, ai, mais um circuito de ligação quântica que explode. Já é o quinto esta semana. Alguém pode me dizer por quê eles são tão instáveis?! Obrigado, Inu¹-³, mais já está tudo bem. Pode me pôr no chão. – Disse o rapaz, olhando para o robô, com um sorriso simpático.
O robô não se mexeu.
- Me põe no chão!!! – Disse o garoto, já impaciente.
O Robô continuou imóvel.
- Himiko, fala pro Inu me pôr no chão!!! – disse finalmente o rapaz, terminando a frase com desespero e olhando para a menina loura.
Com um ar de enfado, suspirando, Himiko pegou aquele aparelho em sua cintura e disse, colocando-o próximo à boca:
- Solta, Inu.
O robô obedeceu, simplesmente largando o garoto, que caiu com estardalhaço no chão. Ele levantou depressa, olhando para a menina com uma veia saltada na testa, enquanto todos riam, exceto Youta. Então ele esbravejou:
- Você podia ter dito para ele me pôr no chão gentilmente, e não para me largar com tudo!!!
- Ele tem a A.I. de um cachorro, o que você queria? – revidou a garota, cruzando os braços.
Foi só então que o rapaz notou a presença de Youta, que estava sem fala desde o momento que tinha entrado naquela área. Subitamente, ele apontou com o polegar, pois estava de costas para Youta e perguntou:
- E quem é o cara estranho?
Youta achou um absurdo. Desta vez, em relação aos demais, ele era o mais normal. Então, dedidiu tomar a frente, como capitão e botar ordem na bagunça instaurada:
- Saudações. Meu nome é Miyamoto Youta, e fui nomeado recentemente Capitão da 14ª Divisão. Espero que possamos nos dar bem. Primeiramente, eu gostaria de saber o nome de vocês e suas funções na tropa, por gentileza.
Todos emudeceram. O rapaz sentiu hostilidade no ar. Estavam descrentes de sua capacidade, ele sabia disso. Ele já sabia que seria assim. Estava esperando uma equipe descrente. Mas aqueles Hunters eram como ele. Excluídos dos outros por serem diferentes ou mais capazes. Ele entendeu o que Signas queria colocando-o a frente deste grupo: um capitão comum não aguentava o tranco. Mas Youta aguentaria. Signas era muito sensato, afinal. Sorriu por dentro. Agora tinha uma equipe com a sua cara. Foi a vez dos Hunters, meio a contragosto, se apresentarem. Achavam que tinham um fracote como líder. Apesar disso, foram educados e até simpáticos. O rapaz dos braços mecânicos foi o primeiro. Ele se levantou e disse:
- Prazer em conhecê-lo, Capitão Miyamoto. Eu sou Hikarimono Kazuya, ao seu dispor. Minha função na tropa é de resgate em incêndios e construções prestes a desabar.
E dizendo isso, Kazuya se sentou novamente. O nome “Hikarimono” era familiar para Youta, porém ele não se lembrava de onde. Logo após, a menina loura se apresentou, se aproximando mais e batendo continência:
- Uzumaki Himiko, Huntress de Assalto, se apresentando senhor! Minha função na tropa é buscas rápidas e rastreamento de alvos. – Sua voz rouca, quando ficava séria, dava-lhe um tom mais sensual do que de costume.
O rapaz negro, ainda sentado, só levantou a mão esquerda e acenou, dizendo num tom despreocupado:
- Victor Torrez. Hunter de resgates em áreas difícies. Especialista em demolição, tá ligado?
Ainda recostado a parede, o rapaz de sobretudo nada disse até que Youta voltasse a cabeça para ele. Então, numa voz baixa e conclusiva, ele finalmente respondeu:
- Akira. Hunter de infiltração.
E por fim, o garoto de óculos apresentou-se. Foi o mais entusiasta de todos, talvez pelo olhar de seriedade que Youta lançava a ele:
- É... Olá!! Eu sou Tenjo Chrono, e sou da parte de engenharia técnica. Este educado robô... – ele olhou nervoso para o grande Robô que ali estava. – é Inu, nosso mascote. Trabalhamos juntos, na parte de localização de alvos e resgates motorizados. Embora o Inu só obedeça a Himiko... – disse ele, olhando de lado para a menina com desgosto.
Inu caminhou até o lado de Himiko. O robô se apoiava nas “mãos”, andando como um gorila, o que o fazia ficar mais parecido com um cãozinho. E esta se defendeu, encarando Chrono e segurando-o pela gola do colarinho:
- Será que é por quê eu o encontrei e adestrei Chrono, ou será que é por quê você só explode coisas perto dele? Hein? – disse ela, puxando-o contra ela e erguendo o punho, ameaçando socá-lo.
Chrono se encolheu e fechou os olhos, assustado, esperando o impacto do soco. Então Youta resolveu intervir. Se aproximou rapidamente dos dois e colocou o braço entre eles, separando-os. Com a voz fria, ele disse:
- Parem já com esta discussão infrutífera. Não quero ver membros da tropa discutindo. Vamos todos para a área de Treinamento. Quero ver o que vocês sabem fazer. Agora!
E tocando seu auricular, ele chamou:
- Yu? Libere a sala de Treinamento 42. Estou levando a 14ª Divisão para aí. Imediatamente, Por favor.
Yu respondeu no comunicador:
- Ok, estou liberando, Capitão.
Ele virou as costas e indicou que o seguissem com os dedos. Não ouviu um único ruído em resposta. Quando estava no corredor, achou que estava sozinho, pois não ouvia passos seguindo-o, somente barulho de engrenagens. Pensou que a tropa teria simplesmente o ignorado. Quando se voltou para trás para olhar, viu todos os membros da 14ª Divisão acompanhando seus passos. Ficou surpreso, mais achou mais do que normal. Tinha que se acostumar com o fato de que era capitão. Não estavam lhe fazendo nenhum favor quando o seguiam. Estavam cumprindo ordens. Pelo menos eram disciplinados, pensou Youta.
Chegando no local, Youta deixou que entrassem e fechou a porta. Então pediu para Xiao Yu organizar o Treino da mesma forma que ele havia feito consigo. Depois observou-os, um a um como se saíam.
O resultado foi melhor do que ele poderia esperar.
Assim que os Bonecos de treino, uns robôzinhos em forma humanóide, apareceram, entrando pelo outro lado da arena, Kazuya disparou. Suas próteses o faziam correr na mesma velocidade de um humano com armadura. Porém, por seu corpo ser mais leve, e por conseqüência disso, menos denso, tornava-o muito mais ágil do que a maioria dos Humanos armadurados. Com uma expressão concentrada, ele cerrou os punhos, e saltou. Os robôs eram capazes de disparar rajadas de tinta, mas nenhuma acertou Kazuya. Eles as rebateu para cima, com os braços, e estas explodiram no teto, onde ficaram marcadas. Suas próteses fizeram um barulho de engate, e do alto, ele se precipitou em direção aos inimigos. Com um soco certeiro, destruiu um deles, e continuou a avançar por dentro das tropas, acertando socos em todos os que podia alcançar com seus punhos. A cada soco que dava, uma cabeça a mais explodia. O rapaz também lutava a chutes, acertando as costas e o lugar onde seriam as costelas, com poderosos golpes de Karate. O barulho de engate prosseguia, aumentando aos poucos.
Enquanto Kazuya se engalfinhava com a tropa, Himiko corria em direção da parede. Com um rápido impulso de corpo, um dash, ela a alcançou e saltou. Youta pensou que ela tomaria impulso na parede. Pelo contrário. Foi como se Himiko aderisse a ela, ficando perpendicularmente apoiada na parede da sala. Assim que se posicionou, ela começou a correr em alta velocidade pela lateral, com seu corpo quase horizontal. Os robôs atiravam suas rajadas, mas ela se esquivava habilmente, e com um sorriso, ela alcançou as barras do cinto. Colocou-as entre os dedos, três em cada mão e saltou diagonalmente em direção ao teto, desta vez sim tomando impulso na parede. As barras em suas mãos brilharam e se revelaram: adagas de laser, em coloração verde, com as “lâminas” projetadas triangularmente. Himiko as arremessou e estas, ao fazerem contato com os robôs ou com o chão, explodiram. Neste ínterim, Himiko aterrissou, porém sem parar, ela saltou novamente para o alto e com uma hábil cambalhota aérea, ela arremessou o seu Walkie-Talkie para a direção dos seus aliados Victor e Chrono.
Neste movimento de Himiko, um grande estrago estava acontecendo a frente dela. Victor tinha entrado na brincadeira. Primeiro ele tinha investido com o ombro abaixado, dando um grande encontrão nos robôs, que foram atropelados e arremessados longe por aquele gigante. Então, ele sacou seu bastão de Baseball, e apertou seu cabo, com força. Ele o girou sobre sua cabeça, e golpeando lateralmente, varreu uma boa parte dos oponentes. Em seguida, ele cravou o bastão no chão da sala. Uma onda magnética se gerou a partir do bastão, destruindo os inimigos na área em torno de Victor. Continuou a destruição com os próprios punhos, que não ficavam atrás no quesito dano. Arrasava robôs facilmente com seus socos. De quando em quando, ele se apoiava no bastão e chutava, destruindo vários oponentes de uma só vez.
Enquanto Victor distraía a Tropa, Akira se aproveitava disso. Ele com certeza, era o mais ágil da equipe. Rolava por entre os oponentes, sumindo entre eles. Sacou suas armas e atirou. Os três canos de suas armas rodavam, fazendo os disparos saírem na velocidade de uma metralhadora. Akira disparava em pontos estratégicos da tropa inimiga, danificando as pernas dos oponentes que Victor golpeava, facilitando a destruição do gigante. Saltou para frente, e num hábil rolamento, se esquivou de possíveis rajadas de tinta, indo parar ao lado direito de Kazuya. Saltando furtivamente, ele tomou impulso no ombro direito de Kazuya, pisou nas costas de Victor e ainda no ar, ele disparou tiros randômicos nas tropas, derrubando inimigos já feridos. Logo após, Akira pousou graciosamente, exatamente como Rebecca tinha feito na luta contra Youta. Ele ficou atento, novamente.
Chrono foi o único que entendeu a manobra de Himiko. Ele saltou rapidamente nas costas de Inu, e apanhou o controle no ar. Então, instalou-o rapidamente na nuca do gigante de metal. O Olho do Robô ficou azulado, e ele ergueu o tronco, que se abriu nas costas e exibiu um assento e um manche. Chrono sorriu e se sentou. Ainda sorrindo, ele disse, apertando um botão no controle e deixando-o preso ali:
- He he, modo de Batalha.
O robô se ergueu nas patas traseiras, e abriu seu peito, exibindo um enorme canhão de plasma, pronto para disparar. Chrono segurou o Manche com firmeza. A partir de então, Youta passou a observar os movimentos do Robô. Entedera a habilidade de Chrono: ele era piloto daquela coisa. Inu correu de sua maneira, de quatro, até chegar próximo aos robôs. Com suas patas dianteiras, ele agarrou um punhado deles e simplesmente os amassou, com uma força titânica. Em seguida, ergueu o braço contra os disparos de tinta que vinham e bloqueou-os. Os tiros atingiram seu braço, mais ricochetearam e acertaram outros Robôs de treino, derrubando-os. Após auxiliar Victor em sua “limpeza”, Inu abriu seus pseudo-ombros e exibiu três fileiras de quatro pequenos mísseis, que foram disparados em seqüência, acertando uma vasta parte da tropa inimiga. Então, ele levantou o canhão do peito, e disparou uma rajada que arrasou a tropa que estava a sua frente. O tiro era devastador, e limpou a área, destruindo todos em seu caminho. E foi o golpe decisivo, que destruiu todos os inimigos.
Youta desceu da arquibancada da área de Treinamento. Estava impressionado. Bateu palmas, com um sorriso de contentamento. Tinha gostado da tropa. Eles realmente eram a sua cara. Sorrindo, ele disse:
- Parece que vamos nos dar muito bem.
Antes que os membros da tropa pudessem responder, o comunicador de Youta tocou. Era Xiao Yu, com uma voz aflita:
- Um alerta vermelho, na região Leste da cidade. Uma bomba acaba de ser detonada nas imediações de um Hospital. As estruturas do local estão abaladas, e parece que foi um ataque Maverick. Signas disse que a missão de resgatar os civis e deter a ameaça é de vocês.
Youta ouviu atento o comunicado e disse, simplesmente:
- Estamos a caminho.
Então, voltou-se para a tropa e disse, com um tom de voz sério:
- Mavericks atacaram uma região com muitos civis, próxima a um hospital. Temos que resgatar os civis e deter os Mavericks. Todos estão requisitados para ir. Alguma pergunta?
Todos ficaram em silêncio. Estavam conversando animadamente enquanto saíam da quadra e se calaram quando Youta falou com eles. Parecia que emudeciam na presença dele. Desviando os olhos dos seus aliados, ele disse:
- Ok, então vamos.
Todos o seguiram até a sala de Controle. Lá estava o modulador de teleporte, um dispositivo que permitia enviar matéria para pontos diversos. Bastava este ponto ser conhecido e mapeado. Todos subiram no transportador, quando Xiao Yu passou as últimas coordenadas:
- Seguinte, tomem cuidado. A área é perigosa, muito irregular e destruída, e existem Mavericks ali a rodo. Façam o possível para minimizar as perdas civis e cuidem para que a destruição não se alastre.
Youta concordou com a cabeça:
- Ok, entendido.
A viagem foi rápida. Em um instante, estavam na Base. No seguinte, sentiram um formigamento estranho. Quando deram conta de si, estavam em um lugar diferente. E o que viram chocou-os. Um grande Maverick, com os punhos flamejantes, esmurrava com velocidade uma estrutura, prestes a derrubá-la. Ele parecia um dragão antropomórfico, que tinha pequenas asas fechadas em suas costas. Este estava de mãos nuas, mais parecia ser o suficiente. Era um boss. Estava acompanhado de vários Mavericks menores, segurando lanças longas a laser e Busters. Youta colocou a mão no cabo de sua Katana e segurou a bainha. Disse para os outros:
- Salvem os civis e após detenham os Mavericks.
E investiu em direção ao Boss. Este, que se distraía em derrubar o prédio, não viu o primeiro ataque de Youta, que rasgou seu braço esquerdo com eficiência, abrindo um grande corte vertical neste. O dragão urrou. Olhou para Youta furioso e disse:
- Quem!?! Quem é o verme que ousa desafiar o poder de DRAGOON FIRESTORM!!?!
- Será que vocês sempre tem que falar antes de lutarem? – perguntou Youta com revolta, embaiando sua Katana novamente.
O dragão não respondeu. Apenas esmurrou Youta com seus punhos flamejantes. Youta sentiu o calor se aproximando rapidamente, e esquivou-se para a esquerda. Graças a armadura, estava bem mais rápido, e pôde evitar o ataque com perfeição.
Olhou para sua tropa rapidamente, e viu que eles faziam um bom trabalho. Victor levantava um escombro, com a ajuda de Chrono e Inu, e tirava uma menina e sua mãe de dentro do lugar desabado. Enquanto isso, Akira e Himiko destruiam um hidrante e apagavam um incêndio, ao mesmo tempo que salvavam os inocentes do local incendiado. Não viu sinais de Kazuya, mas viu destroços de Mavericks destruídos caírem em um ponto a Norte, e pensou que ele estivesse por lá.
O Maverick não tinha detido seu ataque. Ao ver que Youta se esquivava do primeiro soco, saltou em seguida e aplicou um encontrão no hunter. Youta mal teve tempo de esquivar-se e por isso saltou para uma sacada destruída. Os ataques de Dragoon eram mais rápidos que os de Rat, e pareciam ser bem mais perigosos. Youta se firmou e ergueu sua Katana. Dragoon sorriu com satisfação. Sem entender, Youta continuou encarando-o. Até sentir uma dor lancinante em suas costas, que quase lhe abriu ao meio. A mesma dor que sentira quando a lâmina implacável que quase tinha-o matado o golpeou. Desta vez, o reflexo o fez rolar para frente, evitando o dano total do golpe.
Voltando-se para trás, desatento a Dragoon, ele viu um rapaz. Armadurado com leves placas roxas e com uma malha negra, tudo bem simples. Sobre seus ombros, usava uma capa violeta. Em suas costas, por baixo da capa, uma bainha também roxa podia ser vista. Ele segurava uma Katana, idêntica a de Youta, exceto por sua empunhadura, que era roxa no mesmo tom da armadura. Em sua testa, à guisa de proteção, estava um par de óculos de aviador, com as alças roxas e negras. Seus cabelos eram negros, finos e lisos, cortados curtos com franjas caídas sobre a testa e ligeiramente sobre os olhos. Porém o detalhe mais marcante era seu rosto: Seus olhos estavam fechados, e ele sorria um sorriso inocente, que lhe dava um contraste incrível com a Katana ensangüentada que segurava. Ele moveu a perna e disse, ainda sorrindo com os olhos fechados:
- Há quanto tempo, não é Youta-kun?
Youta o olhava com um olhar que misturava surpresa e ódio. Engasgado, e arfando por causa da dor, ele murmurou:
- Mori... Morisato!!!
[Surge Morisato e em uma hora crítica. O que o estranho rapaz tem a ver com Youta? A equipe do Capitão Miyamoto está ocupada. Quem poderá ajudar o Hunter em uma hora dessas? Conseguirá Youta sobreviver ao ataque de Morisato? Não percam o próximo capítulo!]
¹ Nome dado a armaduras de samurai. ² Desculpe... Eu sinto muito... “Youtazinho”.(?) ³ Eu te amo... Sr. Veterano Youta. ¹-¹ Boa Noite, Sr. Capitão Youta. (“Chi” - lê-se “Ti” - é capitão em japonês.) ¹-² Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove e dez, respectivamente. O “HA!!!” ali posto é apenas um grito de explosão, normal em artes marciais. ¹-³ Cachorro, em Japonês.
|
|
ºRMXº Youta
Administrator
Rokkuman Ekkusu Sensei 17? Area Comander
Posts: 704
|
Post by ºRMXº Youta on Sept 29, 2008 13:43:37 GMT -2
Capítulo IV – Reminiscências: Um passado sombrio.
“- Há quanto tempo, não é Youta-kun?
Youta o olhava com um olhar que misturava surpresa e ódio. Engasgado, e arfando por causa da dor, ele murmurou:
- Mori... Morisato!!!”...
O garoto sorriu e abriu os olhos. Ao contrário dos Mavericks, sempre vermelhos, os dele eram arroxeados e calmos. Então ele disse:
- Já falei você me chamar de Keiichi-kun, Youta-kun. Por quê essa sua mania de me chamar de Morisato?! Sabe que eu não gosto do meu sobrenome.
Youta continuou em silêncio. Fez uma pausa, e não respondeu a pergunta de Keiichi. Então, perguntou, como se estivesse sedento de informações:
- O que aconteceu com os outros, desde aquele dia?
- Ha ha ha, esta é uma boa pergunta... Eu sinceramente não sei, Youta-kun. Estou fora de lá a tanto tempo quanto você. – respondeu o garoto com o mesmo sorriso inocente. – Embora eu tenha tido alguns “encontros” com os membros. Nada muito sério, pelo menos para mim. Foi fácil. Eles morrem rápido.
Youta sentiu que havia sido atingido por um choque. A informação parecia tê-lo abalado profundamente. Keiichi parecia ter matado pessoas importantes para eles, a sangue frio. Ele inspirou profundamente. E então, seu instinto o avisou para se desviar. Quando olhou de relance para trás, viu que Dragoon estivera carregando um ataque no tempo em que Keiichi e ele conversavam. Porém, foi tarde demais. A imensa rajada de fogo que Dragoon soltou parecia realmente com um sopro de dragão, fazendo jus ao nome de seu usuário. Youta saltou para desviar-se do imenso ataque de Dragoon... ...Que não o atingiu. Kazuya tinha surgido rapidamente, no lugar onde estava o fogo anteriormente. Tinha aparecido repentinamente entre Youta e o dragão. O som de engate de suas próteses tinha se tranformado em um som de sucção. O fogo fora absorvido por elas, e desapareceu, deixando apenas fumaça evanescendo nas próteses de Kazuya. Então, ele olhou para o oponente e lançou uma ameaça ao Boss de Fogo:
- Ei, Lagartão! Se quer brincar com fogo, tem que estar pronto para se queimar. Espero que esteja...
E então, Kazuya ergueu sua mão direita diante de seu rosto, com os dedos flexionados, e abriu a palma dela para o alto. Do centro da palma, surgiu uma pequena chama, que Kazuya extinguiu fechando a mão. Com os punhos fechados, ele encarou o Dragão. Youta então entendeu: Kazuya era capaz, com seus membros mecânicos, do mesmo feito que alguns Boss. Ele podia controlar a combustão do oxigênio, gerando rajadas de fogo e também do efeito contrário. Porém, ao contrário deles, o mecanismo que gerava a combustão era em torno das próteses. O som de engate era de seu mecanismo trabalhando, como uma espécie de “acendedor” para Kazuya. Dragoon FireStorm também viu a habilidade do Jovem Hunter. E sorriu. Sorriu com sinceridade, com os olhos chamejando de contentamento. Viu um adversário digno de nota. Então, disse:
- Tem certeza de que aguenta o tranco, rapaz?
Kazuya cerrou ainda mais os punhos. Tinha encontrado um adversário á altura. Algo que sempre tinha esperado. Retribuindo o sorriso, ele disse:
- Pode apostar. Já acabei com seus comparsazinhos. Não foi nada difícil e me deixou entediado. Vamos ver se você faz alguma coisa melhor.
E ambos investiram na direção um do outro, confiantes do combate que estavam prestes a realizar.
Enquanto isso, Miyamoto Youta se voltou para Morisato Keiichi, e fechou os dedos no cabo de sua Katana. Ficou aliviado que Kazuya estava ali distraindo o Maverick. Confiava em sua equipe, sabia que eles eram capazes de deter Dragoon. Devido ao corte, inspirava com dificuldade, e expirava com força. Keiichi ainda sorria quando o encarava, e retesou a Katana, esperando que Youta atacasse. Sabia que ele o faria.
Youta porém, não atacou. Ele novamente perguntou:
- Você voltava de vez em quando para lá. Você não pode ter matado todos. É impossível. Onde eles estão?
- Um dia você vai descobrir, Youta-kun, que nem tudo é como você deseja que seja. E neste dia, você vai entender que se eu voltava para “lá”, a esta altura não existe mais este “Lá”! He he he he he! – respondeu o Amigo Maverick, rindo.
Keiichi ria despreocupadamente, como se Youta perguntasse onde estava a bola que eles brincavam e Keiichi dissesse que tinha perdido. Ele tinha matado todos os amigos deles, e ria serenamente ao dizer isso, sem nenhum escrúpulo. Youta se lembrou, em tempos remotos, que Keiichi, ou Morisato-kun, como Youta costumava chamá-lo para dar-lhe mais seriedade, sempre tinha sido assim. Sorria inocentemente de tudo e para tudo, como se sempre estivesse se divertindo, mesmo que a situação fosse triste ou assustadora. Sorria até mesmo no dia em que ele dera o corte nas costas de Youta, que originou a cicatriz que o rapaz carregava até hoje. Ao lembrar-se disso, Youta se convenceu que Keiichi falava a verdade. E só então, ele atacou, com uma fúria instalada em seu peito, querendo acabar de uma vez por todas com o assassino. Youta investiu, com a mão no cabo da Katana, apertando-o com força. Ao mesmo tempo, segurava a bainha, pronto para sacar a espada em Battoujutsu¹. “Movimento clássico”, pensou Keiichi, sorrindo. Youta sacou a Katana velozmente. Suas mãos eram invisíveis ao puxar a lâmina, o movimento era rápido, com o intuito de atingir o estômago de Keiichi em um corte horizontal em arco. Que foi aparado com facilidade por Keiichi. O rapaz Maverick apenas levantou sua Katana, deixando a ponta da lâmina para baixo e deteve o movimento de Youta, cruzando as lâminas deles. Keiichi sorria, segurando as Katanas sem dificuldade, enquanto Youta forcejava inutilmente. Keiichi deslizou sua Katana até que a empunhadura desta ficasse encostada à de Youta. Aproximou seu rosto do de seu antigo companheiro. Sorrindo, ele disse:
- Você não mudou nada. Ao invés de ceder aos novos tempos, como eu, você ainda usa esta lâmina ultrapassada. Seu Kendo² nunca vai evoluir assim.
- Cale a boca! – rosnou Youta.
As Katanas estavam perigosamente próximas. Keiichi empurrou a lâmina para frente e Youta recuou no sobrepasso, evitando o corte cruel do Ex-colega. Rapidamente, Youta saltou para frente e golpeou verticalmente Morisato, que se desviou para o lado e aplicou uma estocada, que por pouco não retalhou o ombro de Youta. Este por sua vez, repeliu a estocada com um golpe da Katana vindo de baixo, desviando a rota da arma de Keiichi. Logo em seguida, Youta virou a lâmina para cortá-lo lateralmente. Keiichi saltou habilmente e tomou impulso na lateral do prédio onde ficava a sacada em que estavam, passando por Youta em um corte que feriu o braço esquerdo dele. O Capitão Hunter sentiu que a lâmina de Morisato estava mais efetiva e este estava mais rápido. Em técnica, Youta sempre foi superior, e ainda era pelo que percebia, porém agora a velocidade de Morisato estava equilibrando as coisas, deixando os dois equiparados. Youta também não perdeu tempo, saltando atrás de Ex-amigo, e usando a própria área da sacada para tomar impulso, ele golpeou as costas de Keiichi, que não conseguiu se esquivar deste movimento completamente, recebendo levemente o corte. Ambos aterrisaram em uma das ruas transversais, porém enquanto estavam no ar, ainda trocavam golpes de Katana, fazendo as lâminas retinirem. Caíram lado a lado, correndo paralelamente, enquanto tentavam se acertar. As lâminas se entrechocavam com vigor e ferocidade, produzindo faíscas de impacto no ar e um som metálico a cada golpe, numa sinfonia de combate. Keiichi continuava sorridente, e então, entre um golpe e outro, ele disse:
- Estou me divertindo muito, Youta-kun... Vamos brincar mais...
- Estou me divertindo muito, Youta-kun... Vamos brincar mais... – disse um sorridente Keiichi, com o nariz sangrando e um galo na cabeça, com sua bandana roxa na testa e ainda segurando sua espada de madeira.
- Eu te machuquei... é melhor pararmos... – disse um preocupado Youta, com uma bandana preta na cabeça, e soltando sua espada no chão.
Ambos eram crianças, com seus seis anos. Estava escurecendo precocemente naquele dia. Keiichi estava com lágrimas de dor nos olhos, mais ainda sim sorria. Ele bateu com a espada na canela de Youta, com bastante força.
- Ai, isso doeu! – reclamou Youta.
- Eu vou bater de novo e de novo, até você pegar sua espada para a gente brincar. Eu estou bem, e quero brincar mais! – disse Keiichi, ainda sorrindo.
- Tá bem, tá bem, mas vamos com mais calma, tá? – Disse Youta, a contragosto pegando sua espada novamente.
Morisato tinha certeza que Youta se lembrava daquele dia em que brincavam com espadas de madeira. Voltaram com galos enormes, e suas respectivas mães tinham lhes deixado de castigo, sem poder sairem para brincar. A Senhora Morisato tinha dado uma bronca em Youta por ter batido em Keiichi, até Keiichi explicar que ele tinha pedido para continuarem a brincadeira. Keiichi sorriu, com prazer. Desta vez, a brincadeira não seria interrompida por uma chuva forte e nem por alguns machucados. Youta rilhou os dentes, enquanto as lembranças se agitavam em sua mente. Enquanto Morisato lembrava da infância deles, ele se lembrou de um ocorrido mais recente. Quando lutavam juntos.
- Morisato, Cuidado!!!
Um Maverick estava correndo atrás de Keiichi, e este parou diante dele, com sua Espada Laser. Estava com o mesmo sorriso de sempre, mais parecia tremer. Então o monstro levantou as pernas e saltou, pulando em cima de Keiichi com os dois pés juntos. Era meio gordo e pesado, mas não chegava a ser um Boss. Youta partiu para cima do monstro empurrando Morisato e segurando o impacto do golpe em seu peito.
- Youta-kun!!!! – disse Keiichi aflito.
Youta tinha perdido sua parca armadura, e estava machucado, só para ajudar Keiichi. Este sorriu ao ver Youta no chão e logo, começou a gargalhar. Youta estava perdendo a consciência devido ao golpe, mais acordou com a risada histérica de Keiichi, e viu o amigo em cima do corpo dilacerado do Maverick Gordo. Levantando com dificuldade, ele caminhou até o colega e disse:
- Está tudo bem..?
- Não gosto quando te machucam, Youta. Só eu posso fazer isso... he he he... – respondeu Keiichi, dando risada.
- He he he... Seu brincalhão bobo... – retribuiu a brincadeira Youta.
Youta não entendia como o amigo podia ter mudado tanto. Desde o encontro com aquele Maverick, ele tinha ficado diferente, até o último encontro deles. Youta continuou golpeando e se defendendo das velozes investidas de Morisato Keiichi. Então, uma forte chuva começou a pingar.
Morisato também se lembrava do último encontro deles. Chovia como estava chovendo agora. As lâminas retiniam contra a água e contra si mesmas, como fora no último confronto. Youta golpeava com ódio Morisato, que retribuía aos seus ataques com arranques de velocidade. Estavam se atacando com fúria, isto estava longe de ser como em um treino. Youta segurou sua Katana em posição de Iaijutsu e aguardou que Keiichi fizesse um novo ataque. Que veio em velocidade sônica. Keiichi exibia um sorriso assassino agora. Youta bloqueou a lâmina inimiga com um saque rápido da sua e chutou o rosto de Keiichi, derrubando com isso a Katana do amigo no chão. Morisato saltou, esquivando-se de um futuro golpe e disse:
- Acho que a Devon também quer brincar!!!
E dizendo isso, Keiichi saltou mais uma vez para trás, correndo na direção de uma das pessoas que observavam a luta, uma velha amiga de Youta.
- Devon!!!! – Gritou Youta alarmado.
E saltou atrás de Keiichi. Keiichi era mais rápido, mais teve de reduzir para apanhar sua Katana. Youta chegou até Devon neste meio tempo e ficou frente a frente com a amiga, esperando um ataque de Keiichi pelas costas dela. Uma expressão de espanto apareceu no rosto da moça neste momento. Keiichi também tinha a alcançado, e quando Youta bloqueou a moça com seu corpo, Keiichi atacou o que estava no caminho de sua Katana: O próprio Youta. Youta sentiu como se estivesse sendo partido ao meio. Agarrando Devon, ele saltou para frente, se esquivando do corte total, mais ainda sentindo a lâmina afiada atingí-lo de raspão, porém com rapidez, riscando suas costas e abrindo sua armadura com facilidade.
- He he he, eu sabia que você ia fazer isso, Youta-kun. – disse Morisato, com um sorriso inocente e os olhos fechados.
Naquele mesmo instante, as costas de Youta começaram a incomodá-lo mais do que deveriam, enquanto se lembrava do ocorrido junto com Morisato. Talvez o confronto veloz com o ex-colega estivesse influenciando seu psicológico, a ponto que ele estar receoso de ser atingido. As costas sangravam, mas Youta não sentia o sangue escorrer. Estranhou o fato, mas não tinha tempo de pensar naquilo. O combate os tinha levado para uma avenida movimentada. Keiichi correu em direção de Youta e desapareceu. Os reflexos de Youta o salvaram, bloqueando o ataque no último instante. Mas Morisato não deteve suas investidas, vindo ora da direita, ora da esquerda, ora da frente, ora das costas, desaparecendo entre um golpe e outro. Youta recebeu a seqüência veloz de cortes, sem conseguir reagir. Sentia um efeito cauterizante na lâmina de Keiichi, e agora entendia por que o sangue não estava pingando de suas costas: A Katana de Keiichi estava com uma pequena faixa de Laser, à guisa de lâmina. O gume cortante da arma agora era Laser, e por isso os golpes doíam tanto quando acertavam. Youta ajoelhou-se no chão, tentando respirar. Morisato surgiu repentinamente diante dele, segurando a Katana atrás da cabeça, com as duas mãos, como se quisesse decepar a cabeça do Ex-amigo. Youta simplesmente estocou sua Katana no estômago de Keiichi, que graças a sua armadura ter resvalado o golpe, não recebeu um golpe mais potente:
- Urrghh!!! Esta doeu, Youta-kun... – Disse Morisato, suando de dor, com um fraco sorriso.
- O seu Kendo se estragou, Morisato Keiichi. – disse Youta, tentando respirar. - Você não se lembra da promessa que fizemos quando recebemos estas armas? De que nunca as alteraríamos? Você caçoa de mim, dizendo que o meu Caminho é ultrapassado? Posso estar errado, mas é este caminho ultrapassado que supera o seu caminho. – Retorquiu Youta, com sua seriedade tão evidente.
- He he he he... Não me faça rir, Youta. Poder é o que importa nos dias de hoje. Não adianta usar uma lâmina de metal e conhecer técnicas de Kenjutsu³. Hoje qualquer Maverick bem treinado e com bastante Vírus consegue quebrar técnicas de Kenjutsu facilmente. Uma hora ou outra, as armaduras deles ficarão mais reistentes que nossas lâminas, as técnicas deles superiores as nossas. O Kenjutsu morreu, Youta-kun. Não existe mais Kenjutsu. E seu caminho ultrapassado está longe de me superar. – disse Keiichi, exibindo uma pequena ponta de ressentimento em sua voz.
- Eu concordo com você, Keiichi. Deve ser frustante para você. Porém, o Kenjutsu me manteve vivo até hoje. Eu sempre me dei mal, mas após muito treino, me tornei o que sou hoje. Você está tão forte quanto eu, talvez até mais, mas descumpriu sua promessa. Você sabia ao que estava sujeito quando aceitou empunhar sua Katana, Keiichi. Podia ter treinado, você tem o mesmo potencial que eu, Morisato.
- Deixe de dizer besteira... – disse Morisato. Seu olhar estava diferente, um olhar frio e assassino. Porém, seu sorriso ainda persistia, levemente delineado em seus lábios. – Só por que você sempre foi melhor que eu em Kenjutsu, não é errado eu conseguir força e poder de alguma outra maneira. Nem todo mundo é estranho como você, garoto inumano. Eu nunca vou conseguir ser como você, Youta-kun.
- Ouça, Keiichi... – ia começar Youta, mais Keiichi o interrompeu.
- Silêncio, Youta-kun! Não adianta tentar me convencer. Eu vou acabar com você e desta vez nem sua força absurda e seu pedaço de metal ridículos vão me impedir. Vou te mostrar que tudo em que você acredita está errado.
Sem opção, Youta ergueu a Katana e suspirou. O amigo estava transtornado. Não se lembrava das promessas que tinha feito. Não a ele, mas à própria família. Keiichi saltou no meio da avenida, ficando no meio fio. Então, retalhou um poste que ali estava, fazendo com que ele despencasse velozmente na direção de Youta. Este saltou e cortou o poste em duas metades, que caíram ao seus lados sem atingí-lo. Mais Keiichi vinha em alta velocidade, no meio tempo que Youta usara para cortar o poste. Ele saltou em direção a Youta, e com a Katana erguida, girou sobre si mesmo, dando cambalhotas de forma similar a de Rebecca, girando verticalmente no próprio eixo, vindo como uma lâmina circular, tamanha era sua velocidade. Youta aparou o golpe com sua Katana, e começou a deter as investidas velozes do ex-colega, até saltar para o lado e alcançar um carro que passava na avenida. Saltou sobre ele, aproveitando que o carro brecaria ao ver o poste, e tomou impulso no veículo, para usar de uma nova investida. Morisato porém, imitou a manobra de Youta, saltando no mesmo carro que este estava, se degladiando com ele antes que ele saltasse, para ele mesmo saltar em um outro carro que ia em sentido contrário, pela outra mão da avenida. Youta disputou alguns golpes com Morisato e o acompanhou por cima do carro. Uma perseguição se iniciou, por cima dos capôs dos carros, enquanto ambos disputavam golpes de suas repectivas armas. A luta prosseguiu, ainda por cima dos carros, sem que eles cessassem seus golpes. Keiichi parecia decidido em matar Youta, e este em extrair mais respostas do colega Maverick. Os carros transpunham agora uma grande ponte, na qual Youta saltou sobre os grandes e pesados cabos, para tomar impulso. Morisato Keiichi saltou em seqüência, para interceptar o golpe. Logo em seguida, estavam se equilibrando nos cabos da ponte, ainda se enfrentando. Youta segurou a lâmina firmemente e avançou. Morisato bloqueou o golpe de Youta, e chutou-o, fazendo com que se balançasse sem segurança. Firmando-se, Youta golpeou Morisato com a bainha de sua Katana. Keiichi bloqueou a bainha sem entender. Súbito arregalou os olhos, compreendendo a manobra, quando Youta disse:
- Kuroekkusuken Tsukiken.
Assim que Morisato bloqueou sua bainha, Youta rodou seu corpo em um meio giro, e aplicou um corte violento horizontal, em forma de arco, no pescoço do colega. Sua Katana ia de encontro à bainha e as duas se encontraram, fazendo com que, ao término do movimento, Youta tivesse embainhado a Katana novamente. Ele a colocou em sua posição comum, esperando um próximo movimento. Keiichi tentou desviar-se, mas com isso, recebeu o corte no estômago, ao invés de no pescoço:
- AAAAAHHH!!!! – gritou ele, num misto de dor e surpresa.
Keiichi estava despencando da ponte, devido o corte efetivo que recebera. Youta ficou preocupado. Queria respostas, e não as teria se Keiichi morresse naquela hora. Saltou atrás de Keiichi, e viu este caindo, enquanto sangrava. Quando Youta estava praticamente ao lado dele, Keiichi sorriu e abriu os olhos subitamente. Com um hábil movimento, estocou a Katana na direção do ombro esquerdo de Youta. Ele tentou erguer a mão, para aparar o golpe, porém o peso de Youta fez o resto do trabalho, fazendo a lâmina cravar-se da palma de sua mão até o seu ombro, ficando apenas com a empunhadura exposta e a lâmina inteira cravada no braço de Youta. Ele arregalou os olhos de dor e gritou:
- AAAARGHH!!!!
E ambos caíram na água, o braço de mar que passava embaixo da ponte. Youta estava perdendo a consciência, e sabia que em pouco tempo iria morrer. Não acreditava que tinha sido tão estúpido. Morisato finalmente vencera. Provara que seu Kenjutsu não valia nada. Então, Youta sentiu seus olhos ficarem pesados e não viu mais nada.
..............................................................................................................
Durante todo este combate, Kazuya enfrentava Dragoon Firestorm. Ele era forte, e mais rápido que a maioria dos Mavericks. Porém, em contrapartida, Kazuya era mais rápido e mais forte que a maioria dos humanos. Eles se chocaram em suas investidas, Dragoon esmurrando rapidamente Kazuya. Este aparou os socos do oponente com seus braços e revidou, atacando várias vezes o estômago de Dragoon com fortes joelhadas. Dragoon deteve os golpes com sua armadura e aplicou uma cabeçada em Kazuya, que só não o atingiu em cheio pela diferença de tamanho dos dois, dando tempo para Kazuya bloquear o golpe novamente com seus braços, desta vez em cruz sobre a cabeça. Ele saltou para trás, recuando. Dragoon avançou com o punho abaixado, prestes a golpear o estômago de Kazuya. O Hunter se apoiou no braço gigantesco de Dragoon com as duas mãos e girando o corpo, golpeou com os dois pés o rosto de Dragoon. Dragoon cambaleou, mas não antes de agarrar Kazuya pelos braços com a mão livre e arremessá-lo contra a parede mais próxima. Kazuya deu uma pequena cambalhota no ar, e se apoiou com os pés na parede, evitando que suas costas batessem nela. Em seguida, ele se precipitou, impulsionando-se com os pés na parede e erguendo o punho. Dragoon o recebeu com um cone de fogo soprado por sua bocarra. Kazuya absorveu o fogo com suas próteses mais uma vez, mergulhando nas chamas, porém o conteve em suas mãos, fazendo com que estas adquirissem um brilho avermelhado. Em seguida, ainda se aproveitando do impulso, disparou uma rajada de fogo de suas mãos, em forma esférica. Seus pulsos estavam encostados um ao outro e com as palmas abertas, voltadas ao dragão. Seus dedos, flexionados em forma de garra. Por fim, Kazuya se concentrou e disse:
- Toma essa! HADOUKEN¹-¹!!!
O impacto da rajada empurrou Kazuya ligeiramente para trás. O Maverick dragão se surpreendeu, sendo atingido pela rajada de fogo. Conseguia gerar uma rajada destas com facilidade, mas não achava que o poder do humano alcançasse este limite. Ainda mais, usando o fogo que ele próprio gerava. Sorrindo mais uma vez, ele disparou um segundo cone, e vendo Kazuya iria absorver o fogo, se apropriou disso. Com as palmas abertas, Kazuya viu a cortina de fogo de Dragoon, e sem dificuldade absorveu o golpe, dizendo:
- Luta que nem homem, pára com esta palhaçada.
Ao término da frase, Kazuya foi violentamente golpeado nas costas e sentiu-as partirem com o impacto. Dragoon tinha se aproveitado da distração de Kazuya com as chamas para contornar o Hunter e golpeá-lo com brutalidade pelas costas. Kazuya travou com tamanha dor. Os punhos flamejantes de seu oponente esmagavam e cauterizavam, o que lhe proporcionava uma dor excruciante. Kazuya berrou de dor. Mas Dragoon não tinha acabado. Ele agarrou Kazuya pelos ombros e inflamou as palmas de suas mãos. Enquanto Dragoon o segurava pelos ombros, ainda com as mãos pegando fogo, Kazuya ouvia os chiados em sua pele. Estava queimando e quebrando os ossos dos ombros de Kazuya ao mesmo tempo:
- AHHHH AHHHHH!!!! – Gritava Kazuya, agonizando.
- E agora, vermezinho, o que acha do meu poder? Ainda acha que aguenta? – declamava Dragoon, vitorioso.
Kazuya absorvia o fogo, na intenção de reduzir os danos das queimaduras. Conseguia detê-las um pouco, mas ainda sentia a pressão do golpe e as fortes dores em seus braços nus. Suas próteses nas pernas e nos braços ficaram vermelho-brasa. Kazuya sabia que não aguentaria mais tempo. Os morreria esmagado, ou queimado, ou suas próteses entrariam em superaquecimento. Súbito, teve uma idéia:
- VÁ PARA O INFERNO! – gritou Kazuya uma última vez, e com os dois pés, acertou o estômago de Dragoon.
Neste momento, as próteses de Kazuya explodiram, devido ao calor que tentavam absorver e ao impacto com o qual se chocavam com o Maverick. Kazuya caiu no chão, com os braços e as pernas totalmente avariados, inconsciente, porém vivo. Dragoon foi arremessado para trás e não teve a mesma sorte: batendo em um prédio após ser propelido, o edifício desabou sobre ele devido seu grande tamanho e soterrou o Maverick, matando-o instantaneamente. Só se ouviu um último grito estrangulado pelas toneladas de entulho que esmagaram o dragão.
Kazuya caiu antes de Youta, portanto não poderia saber o que aconteceu com o capitão. Porém, o resto da equipe ainda tinha problemas.
Ao ver que as chamas estavam controladas, Himiko resolveu ajudar nas batalhas. Correu em direção do grande Maverick e viu Kazuya lutando com ele, mas não conseguia chegar perto para ajudar. Logo após, ouviu um grande estrondo. Torceu por Kazuya e subiu num muro, para ver a cena do alto. Galgou as paredes de um edifício até o terraço do mesmo, de onde viu a cena em que Morisato e o Capitão Miyamoto lutavam na avenida. Antes de seguí-los, porém, avisou Chrono pelo auricular:
- Chrono, tombaram um poste aqui na rua 14, paralela a Avenida Leste. Vê se dá uma força. Eu vou atrás do Capitão, ele parece estar com problemas.
- Ok, entendido. – Respondeu, com pressa Chrono.
Himiko então, correu por cima dos prédios até a ponte, onde a luta prosseguiu. Porém, viu os dois caírem, antes de alcançá-los. Horrorizada, Himiko saltou atrás dos dois no momento em que atingiam a água. Ela mergulhou procurando por Youta, que afundava rapidamente. Não havioa sinais de Morisato. Ela agarrou o Capitão pela cintura e nadou com esforço até a costa, jogando o corpo inconsciente do Capitão a sua frente, e rolando logo depois. Estava exausta, após o esforço, mais tinha salvo o Capitão. Ofegante, fechou os olhos, tentando recuperar o fôlego e por isso, não notou a rede eletrificada que caiu sobre ela, eletrocutando-a e fazendo com que perdesse os sentidos.
Victor e Chrono tinham encontrado problemas em um velho galpão: Uma espécie de elefante antropomórfico, que disparava um lança-chamas por sua “tromba”. Era um “MiniBoss”. Os MiniBoss eram variações menores dos Boss, como se fossem tenentes ou cabos do exército de Sigma Red. Eles eram mais fortes que a tropa comum, mais não chegavam a ter o poder de um Boss. Eram apenas Bispos do tabuleiro de Sigma Red, enquanto os Boss seriam suas Torres e Cavalos. Como se isto já não fosse problema suficiente, ao mesmo tempo, Chrono e Victor eram frequentemente atrapalhados por uma coesa e irritante tropa de Mavericks. Pequenos em relação a eles, mas que desviava seus golpes do alvo central, o MiniBoss. Victor então disse:
- Cuida da negada. Eu acabo com o palhaço narigudo ali.
E dizendo isso, Victor sacou mais uma vez seu bastão de Baseball gigante e correu em direção ao MiniBoss. Chrono entendeu o recado e começou a esmagar os Mavericks a sua frente, como os poderosos braços hidráulicos do robô. Foi quando recebeu a comunicação de Himiko:
- Chrono, tombaram um poste aqui na rua 14, paralela a Avenida Leste. Vê se dá uma força. Eu vou atrás do Capitão, ele parece estar com problemas.
- Ok, entendido. – Respondeu, com pressa Chrono.
Em seguida, gritou para Victor:
- Eu tenho que ir! Vou “varrer”! Se cuida!
Durante o tempo em que trabalhava com Chrono, Victor e ele tinham desenvolvido uma espécie de código, para evitar de atingirem um ao outro com seus golpes devastadores. Ao dizer que iria “varrer”, Chrono queria dizer que iria usar o ataque do canhão de Inu, limpando uma área de possíveis inimigos. No momento em que dizia “Se cuida”, queria dizer para Victor se esquivar do ataque. Victor compreendeu a dica e cravando seu bastão no chão, usou a onda magnética gerada por ele para saltar. Com o impulso, Victor só ouviu o impacto gerado pelo canhão de Chrono, e viu-o acabar com as tropas, e até danificar um pouco a armadura do Miniboss. Sorrindo, Victor caiu e apanhou seu bastão, enquanto Chrono partia em direção ao local indicado por Himiko. Avançando em direção ao Miniboss, Victor saltou, e com o impulso do salto, acertou um soco em cheio no peito do Maverick. Que aparou sem golpe sem se mexer, com uma expressão de riso. Com mais um fôlego, lançou outro jato de fogo em Victor, que abaixou a cabeça e retesou os ombros. Sua armadura recebeu o ataque, mas resistiu bem à rajada. Era projetada para isso, para suportar danos em larga escala. Victor revidou o golpe, falando entre os dentes:
- Segura essa então, palhaço.
E em seguida, girou seu bastão e acertou a lateral da cabeça do Miniboss. Com um grande estrondo, o elmo do Miniboss rachou, mostrando seu rosto. Era um rapaz ruivo, sardento, com os dentes amarelados e um enorme aparelho. Victor, decepcionado, disse:
- Você tem cara de Bolha!! Ahh, vá pro inferno! – E esmurrou o rosto do Maverick. O MiniBoss cambaleou, capotou e caiu, destruindo o resto de uma viga, que desabou sobre ele. Victor saiu, ainda decepcionado, dizendo logo depois:
- Que otário...
Ao término de tudo, quanto estava saindo, ele subitamente sentiu um violento choque elétrico em seu pescoço. Voltou-se na esperança de ver quem o golpeava de surpresa, mas desmaiou antes que o conseguisse.
Chrono correu até a área que Himiko indicava, e concertou o estrago no poste, arrastando-o até a calçada e tranformando-o em entulho a golpes. Chrono estava distraído trabalhando, e não notou o golpe súbito em Inu. O Enorme Robô começou a ter curto-circuitos e suas estruturas começaram a se eletrificar. Chrono recebeu o choque junto com Inu, gritando de agonia, preso pela corrente elétrica. O robô se desativou após a grande descarga e Chrono desacordou rapidamente. Sem nem ao menos saber o que o tinha atacado.
Akira estava no meio de um incêndio, resgatando as pessoas. Foi o único que não enfrentou tropa alguma. Viu Himiko correr e Victor e Chrono entrarem em um galpão. Não via sinais do Capitão, e uma grande torre de fogo indicava que Kazuya lutava com Dragoon. Após evacuar aquele ponto da cidade, Akira decidiu ver o que estava acontecendo. Quando estava se aproximando de Kazuya, se escondeu ao ouvir passos. Então, viu vários vultos com armaduras rústicas se aproximando de Kazuya. Deu um tiro no braço de um mais afoito que estava indo pegar Kazuya. Eles o viram e lançaram redes eletrificadas em direção à ele. Akira saltou para trás, evitando-as, e quicou em uma parede de um prédio, sumindo da vista dos Mavericks ali presentes. Assim que aterrisou, em um beco, verificou sua munição. Tinha poucas cargas. Teria que maneirar. Enquanto verificava sua munição, os Mavericks rústicos não detiveram seu ataque. Jogaram pequenas esferas em direção de Akira, por cima do beco no qual ele tinha saltado. Akira evitou as esferas e ao saltá-las, elas explodiram em uma espécie de gosma escorregadia e grudenta ao mesmo tempo, que impediu que escalasse a parede. Os Mavericks o cercaram, e Akira descarregou suas armas neles. Eles usavam um escudo energético cada um, de modo que suas cargas ricocheteavam neles. O que aparentava ser o líder golpeou-o com uma velocidade estonteante, usando uma lança comprida. Sem ter por onde esquivar, Akira aparou o cabo da lança com os punhos, e recebeu a represália de todos os outros Mavericks. Akira, então também caiu. E, silenciosamente, a tropa os conduziu.
¹Técnica de Desembainhar a Espada. O Battoujutsu consiste em apenas sacar a espada rapidamente, golpeando o oponente, enquanto o Iaijutsu é o estilo em que a técnica é usada. Consiste em conciliar o saque com algum outro golpe.
²Caminho da Espada, em sua tradução literal. Aqui Morisato Keiichi faz uma comparação ao estilo de vida seguido por Youta com sua técnica com Katana, dizendo que sua técnica nunca vai evoluir, se continuar trilhando o caminho que ele escolheu.
³Técnica da Espada. É o nome dado à arte de combate praticada pelos Samurais da antiguidade. O Kendo conhecido nos dias de hoje é um estilo baseado nas técnicas do Kenjutsu.
¹-¹ Grande Bola de Fogo. Kazuya faz alusão ao golpe de Ryu, do Game Street Fighters, porém se referindo ao ataque dito em japonês, que ficaria exatamente desta maneira.
|
|
ºRMXº Youta
Administrator
Rokkuman Ekkusu Sensei 17? Area Comander
Posts: 704
|
Post by ºRMXº Youta on Oct 24, 2008 16:23:35 GMT -2
[Atenção: Os personagens usados aqui tem o aval de seu criador para serem usados.]
Capítulo V – A Resistência: O Passado vem á Tona.
Youta despertou, como se estivesse sentindo seu corpo flutuando. Sua mente estava limpa, tranqüila, em paz. Manteve os olhos fechados. Estava relaxado, querendo voltar a dormir. Mas sentia uma ponta de preocupação com algo. Algo que não conseguia lembrar. Tentou se lembrar da noite anterior, aonde tinha adormecido... Súbito, lembrou-se com velocidade. O ataque à cidade, a luta com Morisato, a queda da ponte e a inconsciência que se seguiu. Assustado, abriu os olhos. Estava confortavelmente deitado em uma cama d'água em um quarto sem janelas, com as paredes de metal descoberto, exibindo as estruturas mecânicas. Seu braço esquerdo e costas estavam enfaixados e não doíam mais. Preocupado, olhou a sua volta. Sua armadura jazia a um canto, restaurada dos cortes que havia recebido e sua Katana repousava ao lado dela, apoiada em uma espécie de suporte improvisado de metal.
O quarto lhe parecia familiar, mas ainda sim, Youta não ficou calmo. Mesmo por que viu uma porta, invisível até o momento, se recortar na estrutura e se abrir defronte dele. Por esta porta, entrou uma garota. Ela era loura, tinha os olhos azuis e aparentava ser bem nova. Seus cabelos eram longos, soltos naturalmente, com franjas caídas por sobre a testa e cobrindo parcialmente os olhos. Por serem muito cheios e vivos, os cabelos pareciam pesados, quando caíam aos lados do rosto da garota, emoldurando-o. Talvez num intuito de mantê-los obedientes e tirá-los dos olhos dela, dois laços rosados estavam presos dos lados dos cabelos, deixando-a com um ar inocente e infantil. Suas roupas, porém, eram a parte mais exótica do conjunto. Ela usava um jaleco branco, a guisa de sobretudo, que se estendia até as coxas da garota. Por baixo do jaleco, uma camiseta leve e branca, sem mangas e uma saia plissada azul marinho completavam o conjunto. Seus sapatos eram baixos e negros, e por fim, ela carregava uma maleta de medicamentos, com uma cruz vermelha inscrita nela. Sem cerimônia, a garota abriu a maleta e tirou dela uma seringa. Encheu o êmbolo com um líquido verde de um frasco que ali estava. Estava tão distraída com isso, logo na entrada, que não notou que Youta havia se levantado rapidamente e apanhado sua arma. Quando a menina se aproximou da cama, e enfim ergueu os olhos, Youta já tinha rolado para trás dela e agarrado seu pescoço de supetão. Colocando a Katana no pescoço da garota, acima de seu braço que agarrava, Youta perguntou, ríspido:
- Onde estou?
- Aaaiii! Nyaaaa! Calma! O Senhor está na Resistência. Está tudo bem! Pode me soltar, moço? – Respondeu a menina inocentemente, assustada com a manobra súbita e começando a sentir-se sufocada pelo braço de Youta.
- E quem é você? – perguntou novamente o Hunter, ainda segurando a lâmina e o braço no pescoço da menina.
- Meu nome é Ariel Masters, e eu sou médica de campo... Dos... Resistentes... Cof... - concluiu a menina, tossindo de falta de fôlego. Estava desfalecendo rapidamente. Se continuasse segurando-a, ela desmaiaria, o que não era nenhum pouco interessante naquele momento.
Youta recuou cuidadosamente, encostando a Katana no pescoço da menina sem feri-la. Com o mesmo tom inquisitivo, ele prosseguiu:
- Como cheguei aqui?
- Os resistentes descobriram que um hospital próximo daqui, do outro lado da ponte, estava sendo atacado por Mavericks. Quando chegamos lá, vimos vários indivíduos estranhos se atacando e destruindo tudo. Um garoto com cara de maluco em cima de um mecha, um homem com membros de metal de fogo, um tipo de ninja esquisito, um rapaz com um bastão de Baseball gigante, que destruiu um prédio, e uma garota, que estava seqüestrando um capitão Hunter todo ferido, ou seja, o senhor. Nós os neutralizamos, e por sabermos que eles não eram Mavericks, apenas Irregulares, nós os trancafiamos aqui para conseguir maiores informações. Então, fizemos um rápido auxílio médico no senhor e trouxemos para cá. – concluiu Ariel, falando rápido, olhando de canto, ainda com medo para a Katana.
Youta tirou a lâmina do pescoço da médica e ficou pensativo. Estava na Resistência. Isso o animou, ligeiramente. Conhecia a Resistência. Mas ainda tinha que ter certeza. Tinha ainda outra preocupação: as descrições dos Irregulares batiam com a de sua Equipe. Segundo Ariel, eles estavam trancafiados, mas Youta sabia que a Resistência não era de fazer prisioneiros. Por duas razões: as instalações eram pequenas, e eles eram um grupo de puro combate contra os Mavericks. Não havia necessidade de prender Irregulares. Eles também eram Irregulares. E quem não estivesse com os Resistentes, estava contra eles. Sem se alterar, Youta disse:
- Me leve até os prisioneiros. Agora.
- Tá bom, tá bom... Nya, não precisa ficar bravo... – disse Ariel, olhando para a Katana receosa.
Youta a retirou dali, colocando-a na cintura com sua respectiva bainha. Ariel respirou aliviada, e saiu pela mesma porta que tinha entrado. Youta a acompanhou, sem dizer nada. Assim que saíram, as dúvidas de Youta se dissiparam: estavam realmente na Resistência Civil.
A Resistência Civil era um grupo de campo, que lutava contra o controle de Sigma Red, usando armas ultrapassadas e baixos recursos. Não eram reconhecidos pelo governo, sendo apenas uma facção anarquista, segundo eles. As bases da Resistência eram espalhadas pelas cidades, sendo pequenos postos avançados localizados em qualquer cidade que sofria ataques. A Base Central, esta ficava em um ponto remoto, num antigo armazém abandonado. Youta e Keiichi tinham sido integrantes da Resistência. Tinham nascido entre ela. Os pais de Keiichi e a mãe de Youta eram membros da Resistência Civil. Tinham sido educados a odiar os Mavericks desde pequenos. Era por isso que Youta não conseguia acreditar que Morisato Keiichi tivesse esquecido tudo. Na época de Youta, a Resistência Civil contava com poucos membros. A Resistência podia fazer pouco sozinha, mas muitas vezes, auxiliava os Hunters em resgates, sendo uma espécie de suporte eventual para eles. Os Resistentes tinham um tipo de liderança coesa. Todos obedeciam somente a um único Comandante. Este determinava o que os grupos iriam fazer. Os grupos eram criados de acordo com a necessidade. Cerca de trinta ou quarenta pessoas faziam parte deste grupo. Com os ataques Maverick frequentes, algumas pessoas começaram a querer se defender por conta própria. Mecânicos ajudavam na construção de armas e veículos. Médicos faziam o trabalho de cuidar dos feridos em campo ou na própria base. Engenheiros e Técnicos de Informática Avançada faziam complicados sistemas de segurança e dispositivos de invasão eletrônica a partir da sucata. Pessoas antes comuns empunhavam armas e se tornavam guerreiros para poder resistir aos ataques, pelo menos até que algum Hunter viesse. Esta era a vida de um Resistente. Andando por sinuosos corredores, Youta notou que estavam na Central, local onde tinha nascido. Se lembrava perfeitamente. Estavam na Ala Médica. Youta se voltou para Ariel, que seguia a frente dele. Olhando bem, ela aparentava ter uns 16 anos, mas com uma feição bem mais jovial. Viu que ela massageava o pescoço, com uma expressão de incômodo em seu rosto. O mesmo estava avermelhado da pressão do braço de Youta, e ele pensou que podia tê-la machucado menos. Mas isso não importava naquele momento. Estava preocupado com sua equipe ainda. No entanto, apesar de estar vestida com um jaleco, a menina aparentava ser bem jovem. Youta se perguntou quando ela teria entrado na Resistência e por quê. Assim pensando, eles chegaram ao salão principal. Este lugar era a parte maior do armazém. Ali haviam vários veículos e mecânicos os concertando. Vários Resistentes estavam por ali, treinando, concertando alguma coisa, ou simplesmente relaxados, passeando por ali. Havia um grande computador, do lado sul da sala, com várias telas e teclados, nos quais haviam quatro pessoas sentadas operando. Existiam também alicerces, que erguiam andaimes, que funcionavam como elevadores de carga. Porém, a atração principal daquele estranho espetáculo era o centro da sala onde alguns containers transparentes, com campos de força embutidos serviam de “jaulas” para a equipe Hunter abatida. Youta passou os olhos rapidamente por eles.
Kazuya estava de cabeça baixa, encostado numa das quinas de metal do container, sentado com as pernas esticadas e os braços abaixados. Suas próteses estavam em estado deplorável, destruídas e chamuscadas. Ele parecia exausto.
Himiko estava de bruços no chão do container. Estava seminua, devido a estar sem sua armadura. Hunters não usavam roupas por baixo da malha metálica, isto era fato. Estava com uma expressão cansada e parecia cochilar. Era a que estava em melhor estado.
Victor estava ajoelhado próximo a parede do Container. Suas mãos estavam marcadas por contusões e escoriações. Parecia ter tentado esmurrar a parede para sair. Também estava só com uma espécie de Short vermelho, e parecia cansado.
Akira estava com seu sobretudo fechado. Parecia estar sem a armadura por baixo dele, pois estava parecendo bem mais magro. Estava de braços cruzados a um canto, como sempre. Porém, parecia abatido. Estava com os olhos fechados e seu peito subia e descia rapidamente.
Chrono era o mais machucado de todos, talvez com exceção à Kazuya. Estava todo queimado, e tremia, como se estivesse sobre efeito de uma corrente elétrica. Em suas mãos queimadas, estava o controle de Inu. Youta não viu sinais do Robô e nem das armas de seus aliados.
Um homem com uma branca branca cerrada tomava conta do container. Ele tinha uma perna biônica, parecida com a prótese de Kazuya, porém bem menos trabalhada. Usava um macacão roxo e tinha óculos enormes. Ao ver Ariel chegando, ele disse:
- Ah, finalmente chegou, Ari-chan! Os rapazes precisam de cuidados aqui. Eu sei que o chefe disse que é melhor não cuidarmos deles, mas...
- Eles são Hunters. São minha equipe. – disse Youta, subitamente.
O velho emudeceu. Olhou para Youta com um olhar de dúvida. Parecia estar tentando entender o que o jovem queria dizer. Ariel se apressou em completar:
- Ele é Capitão Hunter. E eles são a equipe dele, que trouxemos para cá pensando que eram Irregulares. Certo, senhor...? – disse Ariel, lembrando que ele não havia se apresentado.
Antes que Youta respondesse, um outro homem de idade entrou na sala. Ele tinha os cabelos castanhos, cortados bem curtos, e um cavanhaque com uma barbicha protuberante. Usava um tapa-olho no lado esquerdo e um sobretudo, ambos negros. Suas botas eram metálicas e ele usava luvas de ferro estranhas. Vinha apoiado em uma bengala, mas parecia não precisar dela. Ele olhava para Youta e para os containers com desprezo.
- Hunters... Interessante... Agora vocês aparecem em uma equipe? Aonde estavam vocês, na época em que nós precisamos nos esconder dos Mavericks? – disse ele, com revolta na voz.
- Comandante Jason! – disseram Ariel, o Mecânico e Youta em uníssono.
O comandante entendeu o comportamento de Ariel e do mecânico que ali estava. Ficavam surpresos quando ele aparecia. Mas o Hunter chamá-lo pelo seu nome era algo novo, pois somente os Resistentes o conheciam. Todos emudeceram, ao ouvirem o anúncio de Youta. Ele suspirou, ao ver que até mesmo sua equipe de Hunters olhava para ele perplexa. Então, ele se identificou, para livrar os mal entendidos:
- Eu sou Miyamoto Youta, Capitão da 14ª Divisão da Base Hunter e antigo membro da Resistência Civil. Sou filho de Miyamoto Miyuki, a Exploradora de Áreas Maverick.
As reações que se seguiram foram das mais variadas. O Comandante Jason arregalou seu olho visível, e coçou seu cavanhaque. O mecânico olhou estupefato para ele, falando sozinho. Os seus Hunters olhavam sem entender coisa alguma, pelo menos os que estavam conscientes. Porém, a reação de Ariel Masters foi a mais estranha. Ela se aproximou dele, e simplesmente perguntou, apontando para a Katana dele:
- Essa aí é a Kuro-ekkusu-ken?
Youta concordou afirmativamente com a cabeça. Os olhos de Ariel brilharam e ela disse, encantada:
- Nya!! Então, você é que é o “Grande Samurai Negro”? Nossa, espera só até o Nii-san saber!!!
Youta franziu o cenho. Por que a garota o chamara assim? Mas antes que indagasse por que ela tinha dito isso, Ariel saiu correndo e uma profusão de movimentos o fez ficar alerta. O Comandante Jason e o mecânico se aproximaram, juntamente com um grupo de Resistentes. Então, Jason disse-lhe:
- É um prazer revê-lo, Youta. Bem, espero que tenha mudado de idéia...
- Pequeno Youta! Lembra do velho Kamino aqui?! Rapaz, como você cresceu!!! – disse o mecânico, sorrindo para Youta amigavelmente.
Os Resistentes se aproximavam e sorriam. Lembravam do pequeno e rebelde Youta, uma das poucas crianças da Resistência. Antes que prosseguissem com as recordações, porém, Youta disse:
- Comandante Jason, solte minha equipe e lhes dê cuidados médicos. Eles são Hunters como eu e lutaram com bravura, tenho certeza. Dê a eles o melhor tratamento, como os Resistentes fazem com seus amigos.
Youta falava de maneira convicta, como se soubesse como tratar o velho Comandante. Este sorriu e respondeu o comentário com uma curvatura e um movimento com a mão, indicando que a ordem de Youta fosse atendida. Em seguida, disse em tom grave:
- Precisamos conversar.
- Isso com certeza. Temos assuntos pendentes. – disse Youta, se afastando com o Comandante e entrando em uma sala com ele.
Os hunters foram levados à Ala Médica, aonde receberam tratamento médico. O mecânico Kamino acompanhou-os, para consertar as próteses de Kazuya. Os Hunters estavam cansados e furiosos, mas se deixaram ser cuidados. Victor olhava feio para os Resistentes, que pediam desculpas pelo mal entendido. Porém, aquilo tinha causado desconfiança nos Hunters, que não abaixaram a guarda.
Enquanto isso, Ariel ia até uma das Alas de Treinamento Especial existentes nos quatro pontos cardeais da Base. Estas eram alas com um pouco mais de tecnologia, que dispunham de mecanismos melhores e de armamentos recém-desenvolvidos ou encontrados. Ela chegou até a Ala Oeste, e gritou bem alto, correndo até o meio do local:
- Nii-san!!!
Neste momento, um rapaz se voltou ao ouvir o grito. Ele tinha longos cabelos negros, a pele clara e os olhos azuis, como os de Ariel. Usava uma camiseta sem mangas negra, uma calça negra um pouco larga, porém justa na cintura, e botas azuis com rebites brancos. Uma armadura azul-elétrico ficava por cima desta indumentária, cobrindo seu peito, antebraços e joelhos. Ao lado esquerdo do rosto, o rapaz possuía uma pequena máscara, que cobria de sua testa até a altura de seu maxilar superior. Ariel corria em direção a ele. Preparado, o rapaz afastou as pernas. A menina pulou em seus braços e ele a acolheu, segurando-a pela cintura em seu colo:
- Opa! O que foi, Nii-chan? – Perguntou ele, com um olhar de interrogação.
Um dos rapazes que treinava ali riu da cena e disse:
- Desse jeito, parece até que a Ariel ainda tem seis anos, não é Lance?
- Acho que a maneira com a qual eu trato, ou deixo de tratar a minha irmã diz respeito apenas a mim, não é? – Replicou Lance, de forma cortês, porém agressiva. O rapaz emudeceu e voltou a treinar.
Ariel ficou apreensiva, e Lance simplesmente disse:
- Continue... O que foi?
- Sabe aquele grupo que nós pegamos? Que estava todo machucado e o Capitão pensou que era um bando de Irregulares? – disse Ariel com a respiração suspensa.
- Sei... O que que há? – retorquiu Lance.
- O Capitão deles é o Grande Samurai Negro!!! O herói da Resistência!!! Que Sugoi!!! – disse a menina, empolgada com aquilo.
Lance ficou em silêncio. O “Grande Samurai Negro” era o membro mais exótico da Resistência, Miyamoto Youta. Poucos sabiam mais que boatos sobre ele. Ariel adorava estas lendas Urbanas da Resistência, nutrindo grande admiração pelo Herói. Ele era como uma espécie de lenda viva na Resistência. Lance estava pensativo. Se Youta estivesse mesmo ali, então tinha algo acontecendo. Então, ele disse a irmã, com animação:
- Legal! Vamos lá conversar com ele?
- Depois... Ele é legal, mas tenho algo a fazer... – disse a menina, subitamente preocupada.
Lance pareceu ficar chateado com aquilo. Sorriu um sorriso amarelo e fez um comentário logo após o da irmã:
- Vai cuidar das plantas de novo?
- Pára, Nii-san!!! Você sabe que eu não gosto que diga que “ele” é uma planta. – respondeu a garota, ficando nervosa e se soltando do colo do irmão.
Lance ainda disse, antes que Ariel se desvencilhasse dele:
- É por isso que te chamam de louca! Ele nunca vai acordar!
E Ariel se afastou rapidamente, correndo do irmão. Não gostava quando Lance agia deste jeito. Todos agiam assim. Por que seu irmão não podia ser diferente? Triste, Ariel colocou em mente o que tinha que fazer e foi rápido até uma área reservada da Ala Médica.
Lance porém, tinha outros planos. Tinha que saber se o que a irmã tinha dito era verdade. Iria investigar se era mesmo Miyamoto Youta que estava ali. Enquanto esta conversa acontecia e os Hunters eram medicados, Youta conversava com Jason. Eles estavam em um alojamento reservado, que servia de sala de reuinões. O Comandante estava preocupado com a Resistência, e expunha isso a Youta:
- Você sabe que a situação da Resistência não é nada boa. Eu sei que nunca fomos os melhores, mas agora está ficando crítico. Sem o apoio dos Hunters fica difícil segurar qualquer ofensiva dos Mavericks. Existem cidades inteiras precisando de reforços!
- Entendo sua posição, Comandante, mas sou apenas um Capitão. Não tenho qualquer influência, a não ser sobre minha tropa. Não posso fazer muito. Posso comunicar os Hunters, mas acho que isso não ajudaria. – respondeu Youta, gravemente.
- Se você voltasse, seria de grande ajuda. – disse o Comandante, com um tom de voz esperançoso.
- Uma vez já fui chamado de “Garoto Inumano” aqui. Eu sempre fui uma aberração. Eu sei que em qualquer lugar que eu for, eu serei considerado assim. Mas não posso deixar o crime cometido por aquele desgraçado impune e o Senhor mesmo disse que a Resistência não iria me ajudar nisso. – disse Youta.
- Você ainda não desistiu de encontrar seu pai, Youta? – disse o Comandante, com um tom de voz já preocupado.
- Enquanto ele viver e eu também, o caçarei. A ele e àquele traidor do Morisato. – disse Youta, com seriedade na voz.
- Ok, Youta, não bateremos na mesma tecla. Descanse com sua equipe aqui, e deixe que se recuperem. Eles estão muito feridos para que você possa tomar qualquer decisão. Seus auriculares foram destruídos por nós, devido as correntes elétricas. Peço desculpas pelo engano, mas minha equipe de manutenção já está trabalhando em consertá-los. Isto posto, eu gostaria de encerrar nossa reunião. – concluiu o Comandante, com um tom de comando na voz.
Youta apenas assentiu com a cabeça. Se encaminhou para a porta e disse, quando chegou à ela:
- E a propósito, também foi um prazer revê-lo, Comandante Jason. – E ao dizer a frase, Youta saiu, fechando a porta atrás de si.
- Garoto Inumano... Eu me lembro claramente disso... – disse o Comandante para si mesmo, coçando o cavanhaque.
Youta foi para a Ala Médica encontrar com sua equipe. Estava pensativo. A Resistência parecia ter prosperado, porém os Mavericks também o tinham. E sem os Hunters lendários, não havia como deter a ameaça iminente de Sigma Red. Com estes pensamentos, chegou na Ala Médica. Então notou a garota, Ariel, passar correndo até uma sala no fundo do corredor. Youta pensou em chamá-la, pedir desculpas por quase tê-la estrangulado, mas logo desistiu da idéia. Nunca tinha se preocupado com isso, por que começaria agora? Pensando nisso, chegou ao alojamento de sua equipe. Enquanto Youta chegava ao quarto dos Hunters, Ariel tinha outra coisa para fazer. Ela chegou a porta daquele quarto reservado. Com um suspiro, entrou. O quarto parecia-se com um alojamento para dormir. Havia uma cômoda escostada ao lado da porta que Ariel tinha acabado de atravessar. Um guarda-roupa estava apoiado a parede defronte a porta. Sem mais acabamentos, este era o único quarto da Resistência que tinha janelas. Na verdade apenas uma, grande e espaçosa e cuja vista dava para uma ponte, a mesma na qual Youta e Keiichi tinham lutado anteriormente. Estava aberta, com as cortinas esvoaçando e mostrando o lindo pôr-do-sol que estava acontecendo. Porém não era nada disso que interessava Ariel no quarto. Existia uma cama, com alguém deitado sobre ela, confortavelmente coberto e aconchegado, com o rosto voltado para cima. Ao lado uma cadeira com encostos para os braços e um criado mudo. Neste, um elmo azul estava apoiado. Era muito bonito para os padrões da época, com um belo cristal vermelho que ficava próximo de onde seria a testa de quem o usasse. Detalhes em azul celeste e pequenos círculos negros aos lados adornavam o capacete, que era arredondado, como um capacete de motociclista, porém muito menor. A pessoa deitada era um belo rapaz de cabelos castanhos. Impossível saber a cor de seus olhos, pois estavam cerrados, o que lhe dava uma expressão tranqüila. Uma de suas mãos estava fora das cobertas, o que mostrava pouco de sua compleição física. O rapaz aparentava ser forte, e tinha a pele clara, mas não delicada. Estava na faixa dos vinte a trinta anos. Ariel remexeu na cômoda e pegou um caderno e uma caneta. Puxou a cadeira e abriu o livro. Sorrindo, fez algumas anotações e disse:
- Nya... Está tudo bem com você, X-kun? – o tom de voz era animado, mas ela prosseguiu, como se não esperasse resposta. – Você está melhor, segundo alguns exames que fiz. Eu notei melhoras em seus ferimentos e até mesmo nos seus batimentos cardíacos. Em breve, espero que você acorde. – concluiu ela, acariciando os cabelos dele com carinho.
O rapaz não reagiu. Nem sequer um movimento. Era triste ver como um rosto tão bonito estava pálido e inexpressivo, como se o rapaz fosse uma estátua. Ariel encostou a cabeça no peito do rapaz e suspirou. Cansada, ela disse:
- Hoje meu irmão chamou você de planta, X-kun. Rya! Fico muito brava quando fazem isso! Você não é um vegetal! Eu sei que um dia você vai acordar, X-kun... Só precisa de tempo... Não é? – ela completou, olhando para o rapaz enternecida.
Novamente nenhuma reação foi esboçada por ele. Mas pelo movimento de Ariel, uma parte das cobertas que o cobriam tinha descido, mostrando os ombros deste. Ele usava uma armadura, mesmo enquanto dormia. As ombreiras, única parte visível, era azuis e no ombro direito, um símbolo: Era um brasão em formato de “X”, que adornava a ombreira, como uma patente. Era por causa deste brasão que Ariel chamava-o de “X-kun”. Nunca o tinha visto acordado, nunca tinha trocado nenhuma palavra com ele. Desde que ele tinha chegado à Resistência...
Tempos atrás, a Resistência estava revistando escombros de uma Área Maverick recém tomada, quando encontraram este rapaz. Ele estava inconsciente e não acordou quando retirado dos escombros. Sua armadura estava avariada e ele com alguns machucados no corpo. Ariel, que havia ido junto com os Resistentes, pediu para que deslocassem-no até o veículo de transporte e levassem-no com eles até a Resistência. Ele era o único sobrevivente daquela área. Ao chegarem na Resistência, o Comandante disse que cuidassem do rapaz até que despertasse. Porém, ao tentarem remover a peitoral dele, notaram que os tecidos musculares do coração estavam ligados ao reator de energia da armadura. Por algum milagre totalmente inexplicável pela ciência, o reator estava funcionando como uma espécie de marcapasso, mantendo o coração batendo, sendo impossível remover a peitoral sem matá-lo. A razão pela qual o estranho rapaz estava daquela maneira, impossível saber. Ariel se apiedou dele. Disse que ela mesma cuidaria de X-kun. Com a ajuda de um amigo seu, que era mecânico, repararam a armadura e o reator, enquanto ela cuidava dos ferimentos. Isso já durava dois anos. Desde de o dia em que chegara, o misterioso garoto não acordara. Ariel suspirou e cobriu os ombros de X-kun novamente, se endireitando. Coçando os olhos, ela voltou a escrever e então, falou:
- X-kun, você acha que fica melhor “Desconsolado” ou “Desolado”? – ela olhou para ele e disse: - É, eu acho que fica melhor “Desconsolado”. Tenho certeza que você concorda comigo...
O sol tinha se posto. E Ariel ficou ali, durante o resto da noite, conversando com o misterioso rapaz. Que durante toda conversa, não deu nenhum sinal de vida.
Enquanto isso, Youta entrava no recinto em que estava sua equipe. Todos voltaram os olhos para ele, furiosos e perplexos. Youta notou que estavam melhores, com curativos como os dele, porém ainda desarmados. Kamino, o mecânico, dava os retoques finais nas próteses de Kazuya, e no momento em que Youta entrou, ele dizia:
- O mecanismo de combustão ficou seriamente comprometido, portanto não consegui salvá-lo. Mas aumentei a potência hidráulica, de modo que elas estão mais fortes e... Ah, Youta, meu rapaz! Tudo ok? – interrompeu-se ele, sorrindo para Youta.
O Capitão não respondeu. Somente disse, olhando para a equipe:
- Kamino, eu preciso conversar com meus comandados. Poderia terminar o serviço em Kazuya e se retirar, por gentileza?
- Ah, claro, pequeno Youta. Com licença... – ele deu um último reajuste rápido nas próteses de Kazuya, e saiu.
Um silêncio tenso instalou-se na sala. Os Hunters olhavam sem entender para Youta. Ele suspirou e sentou-se. Voltaram suas cabeças para ele e esperaram que ele começasse. Então, Youta começou a falar:
- Antes que eu comece meu relato, gostaria de dizer que não sabia que vocês estavam passando por aquilo. Me entreti na luta com Morisato Keiichi e deixei-os de lado. Peço desculpas pelo ocorrido. E agradeço a todos pelos seus esforços e principalmente à Kazuya por salvar minha vida. – O rapaz moveu a cabeça, em sinal de agradecimento. - Em primeiro lugar, acredito que vocês devem estar tentando entender até agora como eu conheço este lugar e como todos aqui me conhecem, não é? Bem, vou começar do início. Me interrompam quando se sentirem cansados. É uma longa história...
A Resistência sempre foi um local de descobertas e de grandes surpresas. Exemplo claro disso era um de seus membros, Miyamoto Miyuki. Ela fazia parte de uma equipe de exploração de Áreas Mavericks. Miyuki sempre auxiliava a Resistência com suas descobertas. Estava nela desde que seu irmão mais velho tinha trazido-a para lá. Miyuki era uma guerreira formidável, e muito querida pela Resistência. Miyuki tinha grande amizade com uma outra Resistente, chamada Tatsuko. Elas eram inseparáveis, sendo unha e carne. A amizade das duas era algo que as levava a sempre trabalharem juntas. Tatsuko era médica, e por isso quase sempre cuidava dos ferimentos de Miyuki. Em uma noite, porém, em uma das áreas Maverick, Miyuki e Tatsuko tinham resgatado todos os sobreviventes e esperavam pela chegada dos Hunters, que haviam sido contactados há pouco tempo. Elas já até ouviam um som de motores. Mas não foram os Hunters que chegaram. Grandes Chasers, em formas bizarras vinham em alta velocidade. Tatsuko tremeu de medo e disse, apavorada para Miyuki:
- Céus, são Mavericks!! O que vamos fazer, Miyuki?
Miyuki ficou tensa. Eram as únicas que estavam na Área, pois os demais já tinham-se ido. Os Hunters chegariam em pouco tempo, mas até lá, talvez fosse tarde demais para as duas. Não daria tempo de fugir. Então, Miyuki se decidiu:
- Vamos enfrentá-los.
- Amiga, ficou louca? Nós não podemos com eles!!! – respondeu Tatsuko, apavorada.
- Se quiser se esconder, tente fazer isso. Eu vou distraí-los.
- Miyuki, você não pode... Eles vão... – dizia Tatsuko, tentando convencer a amiga.
- Vai, Tatsu! Se esconde. – Disse Miyuki, por fim, correndo.
A Resistente sabia que não teria chance sozinha contra um grupo de Mavericks. Mas iria distraí-los, enquanto a amiga corria. Miyuki rilhou os dentes. Apanhou uma granada de concussão de seu cinto e a arremessou numa das motocicletas. A explosão arrebentou uma das Chasers inimigas e afastou os Mavericks, dando tempo para que as duas corressem. Tatsuko se salvou, entrando num veículo da Resistência tombado e lá se refugiando, porém um dos Mavericks apanhou Miyuki. Decidiu, então por causa dos danos que havia sofrido, que antes de matá-la “brincaria” com ela um pouquinho. Miyuki era muito bonita e isso atraiu-o Maverick, o líder do bando, diga-se de passagem, que ficou muito excitado. Ele abusou de Miyuki, que começou a gritar. Tatsuko chorava no veículo, ouvindo os gritos desesperados da amiga, mas não conseguiu fazer nada, de tanto medo que sentia. No momento em que o estupro terminou e o Maverick iria matar Miyuki que sangrava muito, um disparo se fez ouvir. Os Hunters tinham chegado. Com Miyuki ferida, os Mavericks fugiram, pois os Hunters pararam para ajudá-la. Miyuki ficou em péssimo estado e se recuperou em um hospital da cidade. Porém, seu psicológico ficou seriamente abalado. Ela queria se vingar do Maverick que tinha-lhe feito aquilo. Estava traumatizada com o estupro, mas não iria deixar o desgraçado que lhe haviam feito aquilo vivo. Enquanto estava no hospital, Miyuki começou a se sentir enjoada. Tinha freqüentes crises de vôtimo, e tinha tonturas fortes. Miyuki não entendia porque estava daquele jeito. Então, veio a saber. A equipe médica lhe disse que estava grávida. A notícia caiu como uma bomba na Resistência. Miyuki pensou em tirar o filho. Não podia criar uma criança que era fruto de um estupro, ainda mais realizado por um Maverick. Porém, Tatsuko a convenceu a ter a criança. No tempo em que Miyuki estava no hospital, Tatsuko tinha se envolvido com um rapaz da Resistência, chamado Morisato Sorata, e também estava grávida. Miyuki não tinha perdoado Tatsuko por deixá-la sozinha entre os Mavericks. Ela dera tempo para a amiga fugir, mas pensou que Tatsuko voltaria para ajudá-la de alguma forma, ou pelo menos lhe ajudaria a conseguir uma rota de fuga. Mas ela deixou-a para trás, para sofrer. Tatsuko, por sua vez, não entendia por que Miyuki não tinha corrido de primeira. Tinha se preocupado em chamar a atenção dos Mavericks, então a responsabilidade do que tinha acontecido era totalmente dela. As duas não se falavam, porém Tatsuko fazia comentários maldosos sobre a gravidez de Miyuki. E foi isto que a convenceu a ter o filho. Meses depois, Miyuki deu à luz a um garoto, chamado de Miyamoto Youta. O garoto nasceu com um peso ótimo, muito desenvolvido e saudável. Alguns meses depois, Tatsuko teve um menino, chamado de Morisato Keiichi.
- Espera aí! – Disse Kazuya subitamente, interrompendo Youta. Estava perplexo com a informação. – Então, quer dizer que você é filho de um Maverick, é isso?
- Eu chego lá, Kazuya, tenha calma. – respondeu Youta, voltando à narrativa.
Youta e Keiichi cresciam praticamente juntos. Após o nascimento de seus filhos, Miyuki e Tatsuko, agora a Senhora Morisato, voltaram a se falar, retomando a amizade. Porém, não tinham o mesmo laço de antes. Todos da Resistência ficaram assustados com o pequeno Youta. Ao 8 meses, já andava e falava. Aos dois anos, agia como uma criança de 4 anos. Era um prodígio. O pequeno Keiichi também crescia, se tornando um grande amigo de Youta. Assim como Youta, Keiichi possuía uma característica anormal, mas que só se manisfestou quando tinham seus seis anos: Ele era mais rápido e habilidoso do que qualquer criança comum. No mais, Keiichi era apenas uma criança como as outras. Miyuki voltou ao trabalho, assim que Youta completou quatro anos. Porém, nunca se afastava muito, para poder ver o filho. Todos se admiravam como Miyuki ainda sim trabalhava, e ia em Áreas Maverick, mesmo depois do que havia lhe acontecido. Um dia, em uma de suas incursões, ela e Tatsuko vistoravam os escombros de uma Área Maverick, quando de repente, caíram dentro de um túnel desabado. Em busca da saída, as duas encontraram uma sala fechada. O local parecia ser uma espécie de templo esquecido, soterrado ali por muitos séculos. Arrobaram a sala em busca de uma saída. O que encontraram lá, nem mesmo elas acreditaram. Estavam vendo uma espécie de Dojo¹, destruído pelo tempo. O local estava vazio, e duas coisas chamavam a atenção. Em duas estátuas feitas de metal puro, em forma de samurais, que estavam com as mãos estendidas, estavam duas Katanas embanhaidas. Eram idênticas em forma e tamanho, porém distintas na coloração. Uma possuía a empunhadura e a bainha negras. A outra, possuia os mesmos detalhes em violeta. Ao Tatsuko desembainhar a Katana púrpura, sua lâmina feriu-lhe o dedo levemente. O gume parecia poder deter e cortar até mesmo metal. Abaixo das estátuas, estavam inscrições. Na que segurava a lâmina púrpura, os seguntes dizeres:
“Esta é Tsukishiroken Lâmina da Lua Branca Detentora do poder de corte sem Igual Lâmina que reflete a pureza da Lua E a escuridão da Noite”
Abaixo da Katana Negra, os dizeres eram os seguintes:
“Esta é Kuroekkusuken Lâmina do “X” Negro Detentora do poder de corte Idêntico a vontade de quem empunha Lâmina que Reflete A Escuridão Externa E a Paz interior”
Num palanque abaixo, onde as duas estátuas se sustentavam, estava escrito algo que abrangia as duas Katanas:
“Lâminas irmãs na criação. Uma reflexo da Outra. Lâminas espelhos Daqueles que as empunham.”
Miyuki e Tatsuko olharam para aquilo. Aquelas Katanas estavam ali deveriam ter séculos. Experimentando na parede a lâmina de Kuroekkusuken, Miyuki viu que ela quebrava com facilidade o metal que recobria o túnel. Quando as duas retiraram as Lâminas dos pedestais nos quais estavam apoiadas, as estátuas se mexeram. Exibiram pequenos CD’s que deixaram cair nas mãos das duas amigas. Rapidamente, elas os pegaram e levaram-nos embora, abrindo caminho com as Katanas. Ao saírem do túnel desabado, Miyuki e Tatsuko voltaram para a base da Resistência. Após cuidarem das crianças, analisaram seus achados. As Lâminas eram feitas de um metal desconhecido. Muito maleável, porém muito resistente e durável. As lâminas geravam em torno de si mesmas um campo magnético, que tornava seu metal monofilamentar, fazendo-o abrir qualquer coisa com facilidade. Nos CD’s, haviam dados especiais, sobre técnicas de artes marciais, de Kenjutsu. Miyuki lutava com Sabers, e a partir disto criou um estilo próprio. Um estilo que usava a Katana encontrada e que era muito forte. Miyuki começou a carregar a Katana para onde ia. Usava-a como último recurso, e geralmente, quando recorria a ela, surpreendia os oponentes. Tatsuko porém, manteve sua Katana guardada e nunca se preocupou em usá-la. Os filhos de ambas cresciam e enquanto isso, se tornavam mais e mais amigos. Saíam para brincar de “Hunter e Maverick” com freqüência e sempre voltavam machucados. A Mãe de Youta achava graça, mas Tatsuko sempre achava que poderiam se machucar seriamente e os punha de castigo. Enquanto Youta crescia, ele se interessava pelas técnicas da mãe, que começou a ensiná-lo, com crescente interesse.
E foi então que todos descobriram, com assombro, que Youta não era uma criança normal.
Os médicos sempre haviam dito para Miyuki que havia chances da criança nascer Maverick, devido o “pai” de Youta possuir o DNA alterado. Miyuki resolvera correr o risco e o garoto nascera. Sem o vírus. Porém, a junção do DNA Maverick com o DNA de um humano comum fez uma mutação genética em Youta, que nasceu com características Maverick. Aos seis anos, quando iniciou o treinamento, Youta tinha tanta força física quanto a mãe. Era assombroso. Tinha também uma velocidade acima do normal, além de possuir muita resistência física a golpes e ao cansaço. Youta ainda era capaz de se regenerar de pequenos danos em rápida escala, como alguns Mavericks também eram capazes. Miyuki ficou orgulhosa quando descobriu as habilidades de seu filho, mas a Resistência começou a temer o garoto. Tinham receio de que Youta se revoltasse contra os Resistentes. Afinal, o garoto tinha “sangue Maverick correndo em suas veias.” Revoltada, Miyuki disse que isso nunca aconteceria. Ela conhecia o filho e sabia que ele não se tornaria Maverick. Ele era um Resistente acima de tudo, e não um monstro. Youta tinha sido educado junto com os Resistentes e sabia que os Mavericks eram um mal. Porém, além do receio dos Resistentes, havia outro fator: Tatsuko e seu filho Keiichi. Ao ver o filho de Miyuki evoluindo rápido, Tatsuko não pôde deixar de sentir um misto de inveja com admiração. O físico do filho de Miyuki, a rijeza de seus músculos, tudo em Youta impressionavam profundamente Tatsuko. Keiichi via a Youta como a um ídolo. Adorava o amigo e sempre gostava de brincar com ele e queria ficar sempre perto de Youta. Tanto que insistiu à mãe e ao pai para que lhe deixassem treinar Katana como ele. Tatsuko e o senhor Morisato cederam e Miyuki passou, então, a dar aulas para Keiichi e Youta. Os dois cresciam rápido, aprendendo o estilo que Miyuki lhes estava ensinando. Tudo parecia correr bem, até os 12 anos de Youta. Em um dia, numa das missões de rotina de Miyuki, algo grave aconteceu. Ela voltou carregada e ensangüentada. e Youta correram para vê-la. Ela agonizava. Estava morrendo. Em prantos, um dos Resistentes disse que tinham sofrido um ataque Maverick e que Miyuki lutara com todos os Mavericks. Em especial com um deles, que a encarava ferozmente e...
- ...Seu pai... – disse Miyuki interrompendo o relato. – O Maverick que me atacou agora era seu pai, Youta. Você nasceu por que ele me forçou a isso. Eu fui estuprada por um Maverick e então você nasceu. Você se tornou meu maior presente, Youta, mesmo que tenha vindo de uma forma tão horrível. Assim como a lâmina Kuroekkusuken esconde a luz interior por meio de trevas, o mesmo acontece com você, filho. Apesar de ter sido criado pelas trevas, você é todo de luz... – Miyuki respirou fundo, e segurou o braço de Youta. Sorriu e afagou os cabelos dele com a outra mão:
- Meu lindo garoto... Você será um ótimo guerreiro, o mais forte da Resistência. Eu tenho certeza. Se cuida, tá bom? Promete para mamãe que vai se cuidar... – disse Miyuki, ainda apertando o braço do filho.
Youta começou a chorar. Nunca tinha perguntado sobre seu passado, sobre seu pai. Sentia uma tristeza enorme por tudo que descobrira, além de saber que estava perdendo sua mãe. Segurou com força a mão de Miyuki, ainda chorando. Não queria se separar de Miyuki, não queria perder a única pessoa que tinha no mundo. Chorando, ele disse:
- Por favor, mãe... Não vai embora...
Miyuki sorriu. Abraçou Youta com suas últimas forças. Sorriu para ele, um sorriso que só ela sabia dar. Afagou seus cabelos novamente e disse:
- Querido, você é forte. Eu vou sempre estar com você. Tome. – ela pegou a Katana de sua cintura. – Leva a Kuroekkusuken com você. Ela é sua agora. Guarde-a como uma lembrança de que eu sempre vou estar com você...
Neste momento, Youta interrompeu o relato. Ele estava de cabeça baixa e murmurava alguma coisa. A respiração dos Hunters no quarto estava suspensa. Tinham milhões de perguntas a fazer, mas não conseguiam voltar a si do espanto. Eram revelações muito fortes. Meio Maverick? O que era isso? Mãe estuprada? Pai Maverick? E a Resistência, que o temia? As perguntas pipocavam na mente dos Hunters, mas eles não as faziam. Sabiam que Youta não havia terminado seu relato, e esperariam até que voltasse a falar. Quando Youta levantou a cabeça, estava com os olhos avermelhados. Parecia ter chorado, ao lembrar da mãe. Ele estava com um pequeno pingente em forma de um dragão chinês serpenteante, similar a gravura que tinha em seu quarto. Segurava-o, revirando-o nos dedos. Então, respirou fundo e prosseguiu:
Após aquele dia, Youta começou a dar o máximo de si. O que lhe rendeu o apelido de “Garoto Inumano” entre os mais invejosos. Com 15 anos, ele e Keiichi integraram a Resistência Civil como membros. Foram confeccionadas armaduras especiais para eles, de metal ligeiramente mais resistente. Foram muitas as façanhas de Youta como membro da Resistência Civil. Fez poucos amigos na Resistência, dentre estes uma médica chamada Devon. Esta sempre cuidava dos ferimentos graves de Youta, e ficava maravilhada com a sua “autocura” como tinha apelidado a regeneração de Youta. Youta, apesar de ter uma relação razoavelmente boa com os outros Resistentes, jamais esqueceu a morte de sua mãe. Ele queria se vingar. A Resistência se opunha fortemente à qualquer investida contra os Mavericks. Foi esta a época em que Youta pensou em abandonar a Resistência e integrar os Maverick Hunters. Desta forma, poderia encontrar seu pai e matá-lo. Mataria todos os Mavericks que encontrasse. Com 17 anos teve uma discussão acalorada com o Comandante Jason, pois queria caçar o estuprador e assassino de sua mãe. Jason disse que a Resistência Civil não empreenderia uma caçada contra o Maverick que matara Miyuki. Youta então, decidiu abandonar a base Resistente. Mas surgiu um problema de última hora: Morisato tinha enlouquecido. Desde que integraram as tropas da Resistência Civil, Morisato usava um Saber. Porém, a lâmina deste estava cada vez mais fraca e menos poderosa. Um dia, Morisato simplesmente apareceu com a Katana de sua mãe, a Tsukishiroken, e começou a treinar com Youta. Isto foi logo após um combate forçado contra um Maverick que Morisato e Youta tinham encontrado. Tatsuko e Sorata tinham desaparecido naquele dia, e Youta foi procurá-los após o treino, para perguntar-lhes porque não tinham dado antes a lâmina à Keiichi. Encontrou-os retalhados no quarto deles. Com cortes feitos pela própria Katana de Keiichi. Youta ficou furioso e foi resolver o assunto com Keiichi. Este o recebeu sorrindo, como sempre. Mas os olhos de Morisato estavam arroxeados e ele segurava a Katana com um ar inocente. Youta o acusou de ter assassinado os próprios pais e Morisato apenas sorriu. Em seguida, atacou Youta, com grande velocidade, e um combate se iniciou. O fatídico combate no qual Youta recebera sua cicatriz. Ainda que com dificuldade, Youta venceu o combate e quando ia matar Morisato, este fugiu, jogando terra em seus olhos. E ninguém da Resistência sequer tentou impedir Keiichi de fugir. Isto foi a gota d’água para Youta. No mesmo dia, arrumou suas coisas. Iria atrás do Maverick assassino de sua mãe e de Morisato. Com a ajuda do mecânico Kamino, consertou uma Ride Chaser e confeccionou uma armadura bem melhor. Munido disto e de sua Katana, Youta entrou na Base Hunter.
...E é isto... O resto, como dizem, é história. – disse Youta concluindo o relato. Estavam todos sentados em suas macas agora, olhando para o Capitão que acabara de falar. Himiko encarou profundamente o capitão. Parecia que iria explodir de curiosidade. Ainda sim, se conteve e apenas voltou a cabeça para Kazuya. Este se levantava e apontava para Youta, com certa agressividade:
- Você é meio Maverick? E por isso você é mais forte que nós, é isso? – disse ele alterado. Em seguida sorriu: - De minha parte, parece que você é o Capitão certo para nossa equipe. Todos nós somos diferentes, e nunca fomos aceitos por isso. Vi você lutando com o Morisato brevemente, e você tem coragem e honra.
- É isso aí, cara! – Disse Victor, batendo em sua perna com a mão espalmada. – Pode contar com a gente.
- Capitão, eu vi o senhor lutando com o tal de Keiichi. O Senhor realmente tem coragem e é muito forte. Gostaria que soubesse que, pela primeira vez, tenho fé em um líder de tropa. E não importa se o senhor é meio Maverick. Gosto do senhor mesmo assim. – disse Himiko, agora sorrindo.
- Obrigado, Hunters. – disse Youta, com um leve sorriso. – Mas apesar de estar satisfeito, gostaria de lhes avisar que ficarem presos aqui na Resistência Civil por mais algum tempo. Devido à interferência elétrica que sofreram e minha queda na água, nossos comunicadores estão defeituosos. Além disso, estamos muito feridos para prosseguir. E a Resistência Civil precisa de ajuda.
- Depois de tudo o que eles fizeram por você, ainda vai ajudá-los?!?! – perguntou Chrono indignado.
- Não é pelos Resistentes. É pelos civis. Agora, descansem. Eu tenho que ter uma conversa com a equipe mecânica. - disse Youta, concluindo e saindo.
Os Hunters concordaram. Finalmente tinham entendido o por quê seu capitão era daquela maneira. Os Hunters entreolharam-se e voltaram suas cabeças para Akira, como se buscassem um julgamento. Mas o que quer que esperavam dele, ele não concretizou, pois ficou em silêncio.
Assim que Youta saía da enfermaria, viu que um rapaz avançava em sua direção. Era Lance, o irmão de Ariel. Vinha caminhando em direção a porta do quarto dos Hunters, mas parou ao ver Youta. Sorriu satisfeito e disse:
- Então, ao que devemos a honra da visita ilustre, senhor Miyamoto Youta?
O tom de voz de Lance era perigosamente irônico. Youta estreitou os olhos. E respondeu:
- Nada de especial. Apenas um engano da Resistência. E o senhor seria...
-Ah, perdão, não me apresentei. Sou Lance Masters, da divisão de defesa. Muito prazer. – disse Lance se curvando.
Youta retribuiu a curvatura. Olhava o rapaz. O nome “Masters” era o mesmo da menina que cuidara dele, a tal de Ariel. Agora se lembrava, Ariel tinha dito “Espere até o Nii-san saber disso.” O rapaz deveria ser irmão da menina. Assim, isso explicaria como esse tal de Lance sabia quem era Youta. Os dois se encararam por algum tempo, até Lance dizer:
- Espero que sua visita seja breve, Sr. Youta. Ou nós seremos obrigados a interrompê-la. Passar bem...
E o rapaz virou as costas, começando a se afastar. Até ser violentamente agarrado pelo pescoço. Surpreso, o rapaz Resistente mal teve tempo de ver que Youta o segurava pelo pescoço e o erguia contra a parede, colocando sua Katana entre os olhos dele. Youta murmurou:
- Não gosto de ameaças. Prefiro ação...
E quando ia estocar a lâmina entre os olhos de Lance, soltou-o no chão. Lance escorregou pela parede e caiu, ficando sentado no chão. Ele ofegava e tossia, devido à pressão. Youta então disse, olhando para o Resistente:
- Só tente me desafiar quando tiver poder suficiente para isso. Do contrário, você será seguramente morto. Entendido?
E em seguida, Youta virou as costas, deixando Lance furioso e estatelado no chão. Youta não estava nem um pouco preocupado com Lance. Queria saber de seu equipamentos e de seus Hunters. Sua armadura tinha sido reparada, e ele queria saber quem tinha sido o responsável. Súbito, viu um rapaz de cabelos ruivos passar rindo com ferramentas na cintura. Ele tinha os cabelos longos e presos num rabo de cavalo que lhe alcançava as costas. Usava um macacão azul escuro, e botas estilo coturno. Luvas marrons sujas de graxa completavam a indumentária do rapaz. E pelo físico desenvolvido, devia ter no mínimo 25 anos. Devia ser um mecânico e Youta supôs que ele devesse saber algo sobre seu equipamento. O mecânico falava sozinho murmurando enquanto ria. Youta mesmo achando estranho, começou a acompanhá-lo, chegando próximo a ele. Quando ia cutucá-lo nas costas, para chamar-lhe a atenção, o mecânico entrou em um quarto, o mesmo que Youta tinha visto Ariel entrar. A moça dormia profundamente, com a cabeça apoiada no peito do rapaz deitado na cama. Os braços da garota estavam cruzados próximos a cabeça, fazendo com que esta repousasse com mais conforto sobre o peito do rapaz adormecido. Seus cabelos se espalhavam sobre ele, e o caderno de anotações jazia caído no chão, de um dos lados da cadeira. O mecânico entrou sem fazer barulho, mas quando se voltou para fechar a porta, deu de cara com Youta, que tentava ver quem era o rapaz deitado. O rapaz soltou um grito que surpreendeu Youta. A voz era estridente e esganiçada, o que para um homem daqueles, soava no mínimo esquisita:
- AHHHHHH!!!! QUEM DIABOS É O URUBU?!?!
Ariel se levantou num sobressalto, mas o rapaz não se mexeu. Ela olhou desesperada para o mecânico e disse:
- O que que foi, Zeta!?
O Mecânico, o tal de Zeta, apontou para Youta e disse esbravejando:
- O tiozinho aqui me assustou! Entrou atrás de mim! Logo de mim, que odeio macho atrás de mim!!!
A Garota loura riu brevemente. E Youta ainda sem entender, disse:
- Eu queria uma informação, mas acho que você não pode me dar. Por isso vou saind...
Foi quando os olhos de Youta caíram sobre o criado mudo. Sem fala, ele travou. Correu então em direção ao rapaz e disse, de supetão:
- Capitão Ekkusu Whight!!!
[Postado o 5º Capítulo. Desculpem a demora, mas meu tempo tem andado escasso. Bem agora vou postar o 6º e logo mais, o 7º vem aí. Aguardem!!!]
|
|
ºRMXº Youta
Administrator
Rokkuman Ekkusu Sensei 17? Area Comander
Posts: 704
|
Post by ºRMXº Youta on Oct 24, 2008 16:26:01 GMT -2
Capítulo VI – Revelações
As reações naquele quarto foram as mais diversas. Ariel arregalou os olhos e estes faiscaram. Zeta olhava sem entender para Youta, desde que este tinha entrado. E Youta fitava o rapaz em coma e sacudia-o, para que ele despertasse. Ariel o afastou dizendo:
- Ei, pára com isso!!! Ele tá em coma!!!
- Coma? - perguntou Youta, surpreso.
E assim iniciou-se um diálogo estranho, no qual os dois pareciam falar sozinhos:
- O que você sabe sobre ele? – perguntou Ariel, ignorando a surpresa de Youta.
- Como ele chegou aqui? – perguntou Youta, sem responder.
- De onde ele veio? – perguntou Ariel, ignorando a pergunta de Youta.
- Por que ele não entrou em contato? – perguntou Youta, sem dar resposta a Ariel.
- Contato? Contato com quem? – perguntou novamente Ariel, sem falar a Youta.
- Você tem dado que medicação a ele? – perguntou ainda Youta, passando por cima da interrogativa da garota.
- Ekkusu? É este o nome dele? Ele tem que idade? – perguntou Ariel, fervilhando de curiosidade e desprezando a pergunta feita a ela.
Zeta movia a cabeça de Youta para Ariel, de um lado para o outro, como se estivesse seguindo uma bola em um jogo de tênis. As perguntas surgiam e ficavam a pairar no ar, sem que ninguém respondesse coisa alguma. Zeta ficou olhando aquilo até se irritar e gritar:
- CHEEEEEGAAAAA!!!!
Ele segurou Ariel pelos ombros e disse:
- Parem com isso, vocês estão me deixando maluco. Ninguém vai saber de nada desse jeito. Ok, vamos tentar assim: Você nos diz o que sabe sobre ele e nós explicamos o que aconteceu para ele estar aqui. Fechado..? E a propósito, quem é você? Eu sou Zeta, mais conhecido como “O Arrasa-corações da Resistência”. – concluiu ele, esticando seu polegar para cima, em sinal de positivo.
Youta olhou a apresentação ridícula de Zeta e respondeu, avaliando a proposta:
- Meu nome é Miyamoto Youta. Proposta interessante. Mas vocês começam. – disse ele, com a mão apoiada na Katana.
- O “Grande Samurai Negro”?? Uau, cara, eu sou seu fã!!! Autografa meu tênis com sua Katana?? Nossa, você viu Ariel, que demais?? – disse Zeta impressionado levantando o pé e expondo a sola de sua botina para Youta.
- Não é demais, Zeta?? Eu também achei o máximo quando descobri!! Você sabia que ele abriu 40 carros civis com um golpe de Katana?? – disse Ariel empolgada.
- Sabia!!! E aquela que ele sozinho lutou com um exército de mais de 2000 Mavericks, usando apenas a sua Katana e um fio metálico e venceu todos?? – Zeta disse, ainda com o pé levantado e inflamado pela empolgação de Ariel.
Youta pigarreou alto, para cortar a conversa. Não se lembrava de ser “O Grande Samurai Negro” e nem de ter feito nada daquilo. Manteve a ordem e para que Zeta abaixasse a bota, que já estava próxima ao seu nariz, ele recuou um passo e com a ponta da Katana, escreveu seu nome embaixo na sola do calçado do mecânico. Ariel se calou no mesmo instante. Zeta, ao sentir a lâmina afiada passando rapidamente por sua bota, ficou mudo e começou a tremer. A expressão de concentração de Youta o amedrontou profundamente. Assim que abaixou a Katana, Youta encostou-se na parede e disse:
- Expliquem-se.
Ariel começou a relatar como tinham encontrado o Capitão Ekkusu e como tinham feito para cuidar dele. Contou também que fora Zeta quem a ajudou a consertar a armadura do capitão, a mesma que o mantinha vivo. Ariel ainda contou sobre a recuperação e sobre as notas que tomava em seu caderno sobre as melhoras de Ekkusu. Contudo, ela não disse nada sobre as conversas unilaterais que tinha com o capitão.
Youta ficou em silêncio, ouvindo o relato de Ariel. Lembrava-se vagamente no Capitão Ekkusu. Geralmente os Hunters mais antigos o conheciam, mas Youta não havia tido muito contato com ele, antes que este desaparecesse. Em seguida como havia prometido, resolveu começar a contar sobre o Capitão Ekkusu.
Ekkusu Whight era positivamente o Capitão mais forte da Hunter Base. Enfrentava muitos “Boss” sem dificuldade, tinha uma ficha impecável e era o Beta Tester de várias armaduras. Porém, a que Ekkusu mais gostava era a X armor, a que ele usava no momento. Sua primeira armadura de batalha. Foi com ela que Ekkusu vencera o primeiro combate contra Mavericks. Youta tinha o visto pela última vez antes que ele fosse na missão da qual não retornara. E agora ele sabia o porquê.
Após terminar seu relato, Youta balançou a cabeça. Desanimado, ele disse:
- É uma pena ter perdido o Capitão Ekkusu e os outros. Ele seria de grande ajuda agora. E ao ouvir isso, Ariel ficou revoltada:
- Como assim, ter perdido o Capitão Ekkusu?? Ele pode estar em coma, mas ainda não morreu!! Ele respira, tá vendo? Ele vai levantar, tenho certeza!!!
Youta, porém, não tinha tanta fé quanto a garota. Apenas suspirou e olhou para a dupla. Deu de ombros e disse:
- Tudo bem. Mesmo que ele acorde, vai estar fraco e não poderá ajudar em nada. Ele é só um vegetal, não adiantar depositarmos nossas esperanças em um capitão acamado.
Quando Youta terminou de falar, franziu o cenho. Ariel tinha arremessado a cadeira em cima dele, que simplesmente a destruiu com um movimento de braço para se proteger. Estreitou os olhos, e encarou a garota, que tinha começado a gritar:
- Até você, Grande Samurai!?!?! Não preciso que ninguém diga o estado do meu paciente!!! Eu SEI que Ekkusu vai se recuperar, não estou supondo!!! E pela última vez, ele não é um vegetal!!! – Vociferava Ariel, furiosa com Youta. Ela tinha perdido as estribeiras e não media conseqüências. Zeta tentava fazê-la calar, enquanto Youta apenas olhava-a com descaso.
Enquanto a discussão seguia acalorada, um alarme tocou na sala. Todos ficaram apreensivos. Tendo morado na Resistência, Youta sabia o que aquele alarme significava: Feridos gravemente. O alarme era para reforçar o auxílio médico e as defesas da Base. Youta, Zeta e Ariel deixaram a discussão para depois. Youta e Zeta saíram correndo em direção a entrada. Quando olharam para trás, viram que Ariel os tinha seguido. Nas portas, estavam vários soldados da Resistência feridos, sendo atendidos por auxílio médico. Ariel foi na mesma hora ajudar os feridos. Zeta trouxe uma máquina para auxiliar o atendimento. Tinham vindo de uma Area Maverick e tinham sido atacados, óbvio. Youta porém, olhava para um rapaz que estava ferido a cortes. Ele logo imaginou Morisato e pensou em sua desforra. Abaixou-se ao lado do rapaz e perguntou quem havia feito aquilo.
O rapaz respondeu-lhe:
- Eu não vi, foi muito rápido. Só pude notar que ele tinha os olhos arroxeados. – ele tossiu e Ariel logo se ajoelhou ao lado do homem e começou a tratá-lo.
Youta se levantou. Suas suspeitas tinham sido confirmadas. Morisato estava por ali. E ele iria atrás dele. Sem dizer nada a ninguém, Youta foi até seu quarto. Vestiu sua armadura e se encaminhou para o Hangar do lugar. No meio do caminho encontrou Akira e Himiko. Eles já estavam com suas respectivas armas e armaduras e ambos olhavam para ele. Himiko disse:
- Capitão, desta vez vamos juntos atrás dele. Nós ouvimos você conversando com o ferido. É o Morisato, não é?? – concluiu a moça, perguntando.
- Sim... Mas irei sozinho. Fiquem. – respondeu Youta, passando por eles.
- Se tentar ir sozinho, iremos sozinhos atrás de você. – disse Akira, deixando que passasse.
- Que assim seja. Mas a minha ordem é que fiquem. Se me seguirem, vai ser por sua própria conta e risco. – disse Youta, se afastando.
Himiko sorriu. E piscou para Akira, que apenas deu de ombros e seguiu Youta. Os três pegaram três Chasers e pediram informações de onde tinham vindo os Resistentes. Dito isso, pegaram a rota, em direção à Area Maverick da qual tinham voltado os feridos.
[6º Capítulo, curto, mas postado. Aguardem o 7º Grandes emoções e lutas eletrizantes em "O Combate difícil - O Inimigo dos olhos violeta!!!]
|
|
ºRMXº Youta
Administrator
Rokkuman Ekkusu Sensei 17? Area Comander
Posts: 704
|
Post by ºRMXº Youta on Apr 22, 2011 22:25:00 GMT -2
[ Depois de muita enrolação e uma ameaça de tortura por parte da nossa Administradora, aqui vai o Capítulo 7 da minha fic. Estou na confecção do 8º, que serão as lutas de Himiko e Akira. Aguardem! Menos do que da última vez... He he he... ]
Capítulo VII - O Combate difícil - O Inimigo dos olhos violeta.
A temida área Maverick se aproximava, enquanto os Hunters percorriam o caminho até ela. Akira e Himiko pareciam ansiosos para a chegada, mas não chegavam nem perto da ansiedade de seu capitão.
Youta estava de olhos focados em sua frente. O golpe de Morisato em seu braço, a risada irritante e até mesmo as lembranças faziam-no acelerar cada vez mais para aquela direção. A chaser estava fazendo sua quilometragem máxima quando o Hunter finalmente chegou até o local.
As Áreas Maverick eram desoladas e destruídas. Prédios caindo aos pedaços, o solo irregular e quebradiço, e muitos esqueletos no chão, além de um cheiro forte de amônia, substância presente no soro dos Mavericks.
Youta, Himiko e Akira desceram de suas Chasers na frente do local desolado. Youta apoiou sua mão em sua Katana e começou a avançar. Himiko e Akira o seguiam em silêncio, atentos às laterais. O Hunter samurai estava concentrado, ouvindo atentamente para não ser pego de surpresa. Então, finalmente, se voltou aos seus subordinados e disse:
- A Área é muito grande e eu preciso me concentrar na luta com Morisato, mas pode ser que eu encontre pessoas em perigo ou outros Mavericks de poder menor. Eu peço para que vocês enfrentem os demais Mavericks e resgatem os possíveis sobreviventes presos na área. E lembre-se, dêem um disparo para cima se precisarem de ajuda.
Himiko abriu a boca para protestar, mas Akira deu um toque leve no ombro da menina e disse:
- Ok, capitão.
Youta se voltou de costas e começou a se apressar. Akira e Himiko se olharam e então, se separaram indo cada um para uma direção, até saírem do campo de visão do capitão. E ele começou a andar em direção ao centro do local, prestando atenção em tudo que se movia. Mas não viu nada que lhe chamasse atenção. Já estava desistindo de procurar e se preparando para ir atrás dos seus comandados, quando algo chamou sua atenção.
Youta, com sua percepção aguçada, notou que algo passara rapidamente atrás dele. Um borrão, um vulto. Ele colocou seu polegar esquerdo na empunhadura da Katana, pronto para sacá-la e redobrou suas atenções.
O vulto tornou a passar, desta vez pela frente e Youta percebeu que antes de se esconder atrás de um monte de entulho, um brilho de seus olhos arroxeados relampejou. Youta não teve mais dúvidas. Correu em direção ao monte de entulho e contornou-o, já pronto para sacar a Katana.
Mas não era Morisato que estava atrás do monte de entulho.
Youta se assustou. Ao invés de Morisato, o rapaz viu um guerreiro de armadura vermelha o encarando com um olhar assassino. Seus olhos eram violeta e ele tinha uma expressão insana em seu rosto.
Ele era alto e tinha um corpo esguio e forte, demonstrando grande vigor. Usava uma malha negra, com as luvas brancas, como quase todos os guerreiros que usavam trajes de batalha. Sua armadura vermelha era relativamente simples, no tradicional estilo de botas e braços grossos, sendo que nestas estão presentes detalhes em branco e amarelo. A peça dos antebraços se prolongava nas costas da mão, formando uma proteção de forma triangular. Os ombros são brancos, embora cobertos por ombreiras quadradas e de bordas vermelhas, onde há, em uma delas, um “Z” estilizado. No tronco da armadura havia duas esferas esverdeadas encaixadas na parte superior.
O elmo possuía uma parte superior branca e uma peça vermelha que se inicia nas laterais e se prolonga em duas extremidades pontiagudas, que se encontravam na parte de trás da cabeça. Os auriculares são brancos e na testa havia uma gema também violeta, piscando de forma intermitente. De um espaço na parte traseira do elmo saía uma peça azul que prendia os cabelos dele, estes loiros, volumosos e bastante longos, ao ponto de quase alcançarem seus pés. A armadura tinha uma série de arranhões e avarias, os cabelos estavam desgrenhados e em sua mão ele segurava um saber com a lâmina roxa e trêmula. Mesmo com este aspecto, Youta ainda sim o reconheceu. Era Zirow, ou Zero como era chamado na Hunter Base. O comandante da Área de Infiltração e Assalto da Base Hunter.
O Hunter se aproximou de Zero, hesitante por causa do olhar agressivo e insano do comandante e disse:
- Zero-sama?
Neste momento, Youta teve que se esquivar, pois Zero atacou. O comandante enlouquecido golpeou o estômago de Youta com um movimento rápido em arco com seu braço desarmado, com os dedos flexionados em garra. E então, ele rugiu.
Rugiu enraivecido e saltou para cima de Youta. Suas poderosas pernas o impulsionaram velozmente para o alto, propelindo-o cinco metros para o alto. Youta tinha escapado do arranhão dele, mas talvez não conseguisse esquivar-se daquela investida.
O samurai pensou rápido. Saltou para o alto e sacando velozmente sua Katana, interceptou o saber roxo do comandante. O campo magnético de sua lâmina bloqueou a lâmina de Zero, fazendo um choque entre elas e obrigando Youta a descer junto com o comandante. No caminho, Zero chutou-lhe o estômago, jogando-o para trás. Youta caiu rolando para trás. Ele se ergueu e gritou:
- Zero-sama! O que está acontecendo? Pare!
Mas mesmo depois do grito de Youta, Zero rangeu os dentes e avançou velozmente para cima dele. Youta então entendeu: Zero tinha sido infectado pelo vírus Maverick, assim como Morisato. Não havia maneira de pará-lo, a não ser...
O capitão da 14ª Divisão franziu o cenho e, segurando sua Katana em posição de Battoujutsu, correu em direção a Zero no momento em que ele avançou. Zero ergueu o saber e o desceu velozmente contra Youta, mas, já preparado desta vez, Youta colocou o pé esquerdo posicionado perpendicularmente ao corpo à frente e girou em um hábil arco por dentro das defesas de Zero, sacando a espada em arco. E então, ele entoou mais uma de suas técnicas:
- Kuroekkusuken Harikēn!
Youta rodopiou em seu próprio eixo, passando a Katana várias vezes sobre o tórax de Zero, como um furacão de lâminas.
Mas Zero sequer se mexeu perante o movimento. Tudo o que Youta conseguiu foi deter o movimento em alta velocidade de Zero, nada mais. Zero então apanhou Youta pela cabeça e correu com ele até um monte de entulho, enfiando o samurai nele. Youta tentou frear com seus pés a ação de Zero, mas foi irresistivelmente puxado e colidiu com força no entulho. Zero puxou-o pelo rosto e tornou a bater diversas vezes, sem parar. As pedras irregulares perfuraram a pele e um pouco da estrutura óssea de Youta, soltando seu rabo de cavalo e espalhando seus cabelos sobre as mãos de Zero, fazendo com os olhos do Hunter se arregalassem de dor ao sentir seu crânio ser esmagado por Zero.
Zero bateu uma vez. E Youta contraiu os músculos de dor.
Zero bateu a segunda vez. E os músculos de Youta tremeram.
Zero bateu a terceira vez. Youta quase desfaleceu.
E quando o enlouquecido comandante iria chocar a cabeça de Youta contra a parede uma quarta vez, este reagiu. Enfiou a Katana fundo no estômago do comandante Hunter e o agarrou pelo pescoço, puxando-o por cima dele e o atacando Zero na mesma parede onde tinha sido enfiado à força.
A cabeça de Youta pingava sangue e ele estava tonto. Zero já se levantava. O cristal e os olhos retiniam o brilho roxo em harmonia, enquanto Zero saltava em direção à Youta. Seu saber se esticou contra Youta, chicoteando o rapaz, mas desta vez, pela tontura, Youta não conseguiu erguer a Katana a tempo e recebeu o corte no ombro. Zero não se deteve e usou sua clássica seqüência de golpes. Após golpear o ombro de Youta, ele girou seu corpo, acertando o Hunter no estômago, girou mais uma vez, golpeando diagonalmente de baixo para cima e por fim, enquanto Youta subia, chutou-o violentamente no rosto, jogando o rapaz para trás. Youta colidiu contra um prédio destruído.
O Hunter estava sem forças. Ele se ergueu com dificuldade, apenas para ver o pé de Zero subir novamente em seu rosto. Ele caiu para o lado e tentou erguer a Katana, mas Zero cravou o saber em suas costas, fazendo com que se dobrasse em dor. O Comandante então ergueu Youta pelo pescoço e o arremessou com força contra o prédio. Youta entrou com as costas na edificação, caindo ensangüentado dentro dela. Zero já vinha vindo, mas desta vez, Youta sentiu.
Zero iria matá-lo.
Youta não saberia dizer o que aconteceu. Mas não quis desistir ali. Não iria morrer nas mãos de Zero. E isso lhe deu forças para levantar. Ele sentia seu sangue borbulhar enquanto levantava. Ao perceber o comandante se aproximar, Youta se levantou. Sentia seu corpo leve e uma estranha sensação, uma vontade incontrolável de golpear Zero até que ele caísse.
Youta estava de cabeça baixa quando Zero entrou, com as mãos abaixadas. Zero encarou Youta e ao ver que ainda não estava abatido, correu com seu saber na altura da cintura. Iria fazer uma espécie de Battoujutsu com o saber. Zero correu e golpeou em arco, como Youta geralmente fazia.
E Youta levantou a cabeça. Por baixo dos longos cabelos negros e soltos do samurai, seus orbes estavam cor de sangue. Ele ergueu a espada de cabeça para baixo, bloqueando o golpe do saber de Zero. Sua lâmina retinia, fazendo com que faíscas roxas saltassem da Katana e da lâmina de Zero. Youta estava com uma expressão séria quando puxou a Katana para cima e chutando o rosto de Zero com força para trás. Devido à força que exercia Zero não conseguiu evitar o golpe, pois cambaleou quando Youta puxou a espada. O samurai então investiu em direção à Zero, que o recebeu correndo para cima dele.
Youta atacou velozmente com sua lâmina pela lateral, e abaixou o corpo. Zero recebeu o corte, mas quando foi contra golpear errou, pois Youta tinha se abaixado. Zero então girou o saber por cima de sua cabeça, e golpeou para baixo. Youta esquivou-se do corte saltando velozmente para o lado. Tomou impulso em uma das paredes do prédio e cortou as costas de Zero, que só se voltou após o corte ter acontecido.
O corpo de Youta estava mais firme e leve, ele não sentia mais a tontura da dor dos golpes. Apenas aquele desejo de fazer Zero sangrar e pagar pela surra. Zero por sua vez, estava estático. Parecia estar com mais ódio ainda e se voltou para Youta, correndo com o sabre energético abaixado, destruindo o chão por onde ele passava. Youta se firmou e esperou o golpe de Zero, que veio de baixo arrastando pedaços de entulho conforme subia. Youta saltou para trás, se apoiou no pé esquerdo ao fim do salto e saltou para frente novamente, atacando o tórax de Zero. Desta vez, o efeito do corte foi outro, cortando parcialmente a armadura e o tórax de Zero. O comandante vermelho cambaleou, mas saltou para o lado e girou o corpo, pronto para receber Youta com um corte nas costas.
E o Hunter negro virou seu corpo e bloqueou novamente o saber de Zero, forcejando contra ele. O comandante forçou o sabre com ímpeto e Youta defendeu-se, forçando contra Zero. O solo começou a trincar sob os pés de ambos, seus olhos, de um lado orbes vermelhos e do outros orbes púrpura, se fuzilavam. Os cabelos esvoaçavam devido aos velozes golpes de ambos. A força dos dois era tremenda.
E mesmo a despeito de todo o ódio que sentia, o rapaz pôde notar o cristal de Zero, que brilhava da mesma forma que seus olhos, na mesma intensidade. Isto intrigou o rapaz e o fez pensar que talvez não fosse Zero que estivesse o atacando. Aqueles olhos e aquele cristal pareciam um led piscando. E sendo assim, Youta decidiu destruir aquele led.
Mas este instante de distração por parte do samurai foi suficiente para que Zero o golpeasse. O vermelho forçou mais o saber e flexionou os dedos, arranhando o rosto de Youta velozmente. E assim que Youta cambaleou, o saber de Zero fez contato com seu ombro esquerdo, acertando seu tórax logo em seguida num corte horizontal. Youta se firmou e saltou para trás, quicando com os pés em um monte de entulho e levando a luta para o alto. Zero o seguiu, como Youta sabia que ele faria. Trocaram alguns golpes em alta velocidade no ar, enquanto ziguezagueavam sobre os montes de entulho. Zero estava ficando um pouco mais lento, parecia estar ficando cansado. Youta estava voltando a sentir as dores dos golpes, mas de forma mais branda. Ele sabia que tinha que cessar aquele combate o mais depressa possível.
E então, Youta rodopiou o corpo no ar e desceu retalhando o rosto de Zero. O corte não atingiu a face, mas acertou exatamente onde Youta queria.
No elmo de Zero.
A lâmina da Kuroekkusuken atravessou o elmo e o partiu em dois, acertando a gema nele. Os cabelos dourados de Zero se espalharam sem cuidado e Zero caiu no chão. E foi neste momento que Zero caiu.
O Hunter escarlate ficou de joelhos, segurou sua própria cabeça e começou a berrar de dor. Ele pressionava o próprio crânio, gritando e se debatendo.
Youta caiu no chão e sentiu suas forças se esvaírem. As dores tinham voltado com força total. Ele olhou para Zero gritando e tentou andar até ele, mas seu corpo não tinha mais forças. Aquilo tinha sido demais para ele. O Hunter olhou para Zero e caiu. Se aquilo não tivesse dado certo, certamente morreria ali.
|
|